Mil palavras O pão e o circo
Montenegro só poderá aspirar a deixar obra para a próxima geração se vencer as próximas eleições
Há uma máxima que Costa lançou nos últimos estertores da geringonça, que Luís Montenegro também será tentado a usar: a intenção de governar para as próximas gerações e não para as próximas eleições. Mas, antes, terá de conquistar o coração do Povo. Na liderança de um Governo com diminuto apoio parlamentar, entalado entre a espada do Chega e a parede do PS, Montenegro só poderá aspirar a deixar obra para a próxima geração se vencer as próximas eleições. Ninguém sabe quando serão, mas todos sentimos próximas. Este é um Governo de ciclo curto.
Para no futuro ter a ousadia de lançar reformas profundas, Montenegro terá de satisfazer clientelas exigentes. Médicos do SNS, professores e polícias – por reflexo, dará mais tranquilidade a todos os cidadãos. Sem igual popularidade, mas com soberana relevância, a seguir às forças de segurança, logo virão os militares. Na senda dos professores, os restantes servidores públicos.
Satisfeitas as necessidades destas classes, pouco restará nos cofres cheios pelo garrote dos ministros das Finanças de Costa. Com frieza e rigor, surfaram a onda das cativações e da inflação, para morrer na praia da `Operação Influencer'. Medina preparava exercícios orçamentais expansionistas quando tombou pela gula de péssimos amigos do seu primeiro-ministro.
É na generosa distribuição de pão pelo Povo, deixando o circo para um folclórico Parlamento, que Montenegro poderá atingir a sua maioria absoluta. Assim tenha engenho para tanto, sem destruir a viabilidade financeira do País.