CAVACO ACUSA PORTAS DE “INFANTILIDADE POUCO PATRIÓTICA”
Ex-Presidente arrasa pedido de demissão irrevogável no Governo de Passos Coelho
Sempre parco em palavras, Aníbal Cavaco Silva revela agora em livro - ‘Quinta-feira e outros dias’ 2º Volume - o que lhe ia na alma durante o último mandato como Preside nt e da Re p úb lic a ( 2 0 1 1 - -2016). E não poupou críticas a Paulo Portas, acusando-o de “infantilidade pouco patriótica” quando anunciou em carta a “demissão irrevogável” do cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de Passos Coelho.
O ex-chefe de Estado considerou a decisão de Portas “um completo absurdo” e muito pouco fundamentada. Cavaco Silva confirma no livro que o governante “estava incomodado com a escolha de Maria Luís Albuquerque para ministra das Finanças, porque ela iria ser a continuação da política de Vítor Gaspar”, lê-se no excerto do livro a que o CM teve acesso.
O economista acusa ainda Portas de querer “propositadamente destruir a credibilidade da nova titular da pasta quer no plano interno, quer no plano externo”, ao apresentar a demissão “em cima da posse da nova ministra das Finanças, que teria lugar uma hora depois” . “Absolutamente inaceitável!”, escreve o ex-chefe de Estado nas suas memórias.
O livro de 536 páginas vai “da coligação PSD/CDS à Geringonça”, o subtítulo da obra.
Nos excertos agora divulgados, o ex-Presidente faz outra revelação: “António Costa, em 2014 já eleito líder do PS, dissera-me que entendimentos com o PCP e o BE seriam impossíveis. Tratava-se da posição dominante do PS desde os tempos da liderança de Mário Soares.”
Após as legislativas, Costa alia-se à esquerda para derrubar a direita, que teve a maioria dos votos, e forma governo com o apoio do BE, PCP e PEV. Cavaco escreve também que “o primeiro ano do Governo do PS (...) não foi bom para o País”.