Direito ao repouso
Éum pequeno livro de um autor não muito conhecido, mas que tem o condão da simplicidade e por isso dele nos aproximamos tranquilamente nos momentos grandes ou na vulgaridade do quotidiano. Acompanha-se como cada batida do coração, com a humildade de quem procura e a gratidão de quem sabe receber. Retenho uma alusão a Gregório Magno e à forma como ele descortinava ligações secretas que se escondiam nos diversos textos que tinham a dita de passar sob os seus olhos. Como se harmoniza a história perdida nos tempos e os factos que testemunhamos no nosso dia a dia? Alguém chamava “linhas azuis” aos nexos que vamos procurando nos desalinhos da nossa existência.
Não é tarefa menor procurar o sentido dos nossos dias, as razões por que a este mundo viemos e como será o depois. Por muitas perguntas que fizessem a Jesus sobre a matéria Ele nunca se dispôs a satisfazer curiosidades sobre o amanhã. Colocou o destino nas mãos certas - nas mãos de Deus e na mesmas mãos depositou a palavra última sobre todos e cada ser. E assim vivemos o simultâneo da certeza e da expectativa, da revelação e do mistério oculto que nunca nos deixa esmagar o infinito na estreiteza dos nossos braços. É apaixonante esta demanda permanente sobre o sentido das coisas e de nós próprios. Os santos tiveram o dom de surpreender esse segredo na via rápida da simplicidade que parecendo tão humana só tem explicação como dádiva de Deus.
Quem somos nós afinal? Que viemos fazer a este mundo? Que sabemos da história, do tempo e sobretudo do amanhã? Muitas vezes preferimos não saber do futuro pensando que a resposta seria mais angustiante que a pergunta. Mas o hoje é tão pequeno que só por si não nos serena a procura de infinito. O melhor de tudo, afinal, é deixar mesmo nas mãos de Deus as grandes respostas cujas perguntas nem sabemos formular com jeito. Antero, profeta de perguntas, tinha razão. Repouso, só nas mãos de Deus. O resto, são ilusões.
O MELHOR É DEIXAR PARA DEUS AS RESPOSTAS CUJAS PERGUNTAS NEM SABEMOS FORMULAR