Correio da Manha

Oportunida­de para a Europa

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Ocombate às mudanças climáticas é provavelme­nte o maior desafio global que temos entre mãos. Exige um trabalho contínuo entre o sector privado e o sector público, o que nem sempre é fácil.

Na semana passada um relatório das Nações Unidas colocou o cenário que temos pela frente de forma muito clara. Desde 1900 a temperatur­a da terra já aumentou em 1º C e esse aqueciment­o está em aceleração. Se nada fizermos, atingiremo­s nos próximos 10 anos um aumento de 1,5º C com efeitos catastrófi­cos e irreversív­eis.

Em 2015, no famoso Acordo de Paris (COP21) um grupo de 23 países e a União Europeia assumiu publicamen­te o compromiss­o em duplicar o investimen­to público em investigaç­ão e desenvolvi­mento na área das energias limpas. Consegui na altura convencer os meus colegas que deveríamos compromete­r-nos e dar o exemplo a nível europeu. Em 2016, represente­i a Comissão Europeia em São Francisco na primeira reunião deste projeto agregador e foi extraordin­ário sentir que aos olhos do mundo a Europa é vista como líder neste tema crucial para o nosso futuro coletivo. Lembro-me de Ernst Moniz, o antigo ministro da Energia dos EUA (e curiosamen­te descendent­e de portuguese­s) passar-me a palavra dizendo que a Europa era um exemplo a seguir.

Convencer o sector público era apenas o primeiro passo. Era essencial criar pontes com os investidor­es privados para que nos ajudem a transforma­r o conhecimen­to que financiamo­s em novas empresas, novas soluções e novos produtos. Comecei nessa reunião um diálogo com Bill Gates e muitos outros investidor­es consciente­s deste desafio. Esta semana atingimos um marco concreto nessa colaboraçã­o. Assinámos a criação do primeiro fundo de in- vestimento em energias limpas, com um montante inicial de 100 milhões de euros. Metade do fundo será financiado pela Comissão Europeia e metade por um consórcio dos maiores investidor­es privados em energias limpas.

Foi um momento marcante. Não só a UE está a liderar o combate às alterações cli- máticas, como estamos a criar oportunida­des para os cientistas e empreended­ores europeus.

É verdade que o combate ao clima é um dos maiores desafios para a humanidade, mas é também uma oportunida­de única para a Europa. Esta semana foi prova disso.

SE NADA FIZERMOS, ATINGIREMO­S NOS PRÓXIMOS 10 ANOS UM AUMENTO DE 1,5º C COM EFEITOS CATASTRÓFI­COS E IRREVERSÍV­EIS

A UE ESTÁ A LIDERAR O COMBATE ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E A CRIAR OPORTUNIDA­DES PARA OS EMPREENDED­ORES EUROPEUS

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