TURBULÊNCIA NAS FORÇAS ARMADAS
DURO r Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas promete “consequências” para quem não cumprir PROCESSOS r Reage pela primeira vez a casos judiciais com as Forças Armadas
Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) reage à convulsão que varre os militares, comas demissões do ministro da Defesa e do chefe do Exército. CM – As Forças Armadas estão ‘sob fogo’ por vários casos judiciais (Tancos, mortes nos Comandos, corrupção naForçaAérea, subarrendamento de casas, perda de munições pela Marinha, suspeitas sobre oficial farmacêutica, entre outros). Os militares estão descredibilizados? Almirante Silva Ribeiro – Os casos referidos, embora distintos na sua natureza, são todos muito graves e carecem de adequado apuramento dos factos, antes de uma condenação pública precipitada. Estou convicto que os Portugueses têm confiança e orgulho nas Forças Armadas e não confundem tais situações e os presumíveis implicados, com uma instituição estruturante da Nação, onde, por mais difíceis que sejam as situações, prevalecem sempre os princípios da virtude e da honra, e os valores da disciplina, da lealdade, do zelo, da honestidade e da responsabilidade. São estes princípios e valores, incorporados na conduta dos militares e transportados, diariamente, para o cumprimento das missões, que dão reputação e prestígio às Forças Armadas. As suas violações são graves e implicam consequências para quem as pratica.
- O que está, como CEMGFA, a fazer para que os portugueses reconquistem a confiança nas Forças Armadas?
- Ao mesmo tempo que, com os outros chefes militares, ga- rantiremos que todos os militares cumprem escrupulosamente os seus deveres, continuaremos a mostrar o extraordinário serviço que as Forças Armadas fazem ao serviço de Portugal. - Como principal chefe militar, como reage à saída de Azeredo Lopes do ministério?
- Reajo com total tranquilidade. Foi uma decisão que, como chefe militar, não comento. Realço, porém, que o relacionamento institucional com o anterior Ministro da Defesa, enquanto desempenhei os cargos de CEMA e de CEMGFA, foi sempre muito cordial. - Porquê a visita à Marinha [hoje] apenas seis meses depois de ser CEMGFA?
- Porque conheço bem a insti- tuição e o meu sucessor, camarada de curso e amigo Almirante Mendes Calado, que me substituiu no cargo de Chefe do Estado-Maior da Armada, assim, dispôs de tempo para definir e pôr em prática a sua visão para a Marinha. Mas, também porque, para mim, foi emocionalmente muito difícil a saída ao fim de 43 anos de serviço. - Enquanto chefe da Marinha implementou medidas após o furto de Tancos?
- Sim. Melhorámos o sistema de deteção eletrónica do Marco do Grilo [paióis da Marinha].
- A perda da caixa de munições na rua fragiliza a Armada?
- A Marinha, de imediato, instaurou um processo de averiguações para apurar as razões e as responsabilidades associadas a este grave incidente. Foi identificada matéria suscetível de configurar infração disciplinar, o que determinou a instauração de um Processo Disciplinar, que prossegue os trâmites legais previstos. Sei, também, que a Marinha já pôs em prática medidas destinadas a evitar que uma situação semelhante volte a ocorrer.
“CASOS SÃO TODOS MUITO GRAVES E CARECEM DE APURAMENTO”
“ESTOU CONVICTO QUE OS PORTUGUESES TÊM CONFIANÇA E ORGULHO NAS FA”