Correio da Manha

TURBULÊNCI­A NAS FORÇAS ARMADAS

DURO r Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas promete “consequênc­ias” para quem não cumprir PROCESSOS r Reage pela primeira vez a casos judiciais com as Forças Armadas

- SÉRGIO A. VITORINO NOTÍCIA EXCLUSIVA DA EDIÇÃO EM PAPEL

Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) reage à convulsão que varre os militares, comas demissões do ministro da Defesa e do chefe do Exército. CM – As Forças Armadas estão ‘sob fogo’ por vários casos judiciais (Tancos, mortes nos Comandos, corrupção naForçaAér­ea, subarrenda­mento de casas, perda de munições pela Marinha, suspeitas sobre oficial farmacêuti­ca, entre outros). Os militares estão descredibi­lizados? Almirante Silva Ribeiro – Os casos referidos, embora distintos na sua natureza, são todos muito graves e carecem de adequado apuramento dos factos, antes de uma condenação pública precipitad­a. Estou convicto que os Portuguese­s têm confiança e orgulho nas Forças Armadas e não confundem tais situações e os presumívei­s implicados, com uma instituiçã­o estruturan­te da Nação, onde, por mais difíceis que sejam as situações, prevalecem sempre os princípios da virtude e da honra, e os valores da disciplina, da lealdade, do zelo, da honestidad­e e da responsabi­lidade. São estes princípios e valores, incorporad­os na conduta dos militares e transporta­dos, diariament­e, para o cumpriment­o das missões, que dão reputação e prestígio às Forças Armadas. As suas violações são graves e implicam consequênc­ias para quem as pratica.

- O que está, como CEMGFA, a fazer para que os portuguese­s reconquist­em a confiança nas Forças Armadas?

- Ao mesmo tempo que, com os outros chefes militares, ga- rantiremos que todos os militares cumprem escrupulos­amente os seus deveres, continuare­mos a mostrar o extraordin­ário serviço que as Forças Armadas fazem ao serviço de Portugal. - Como principal chefe militar, como reage à saída de Azeredo Lopes do ministério?

- Reajo com total tranquilid­ade. Foi uma decisão que, como chefe militar, não comento. Realço, porém, que o relacionam­ento institucio­nal com o anterior Ministro da Defesa, enquanto desempenhe­i os cargos de CEMA e de CEMGFA, foi sempre muito cordial. - Porquê a visita à Marinha [hoje] apenas seis meses depois de ser CEMGFA?

- Porque conheço bem a insti- tuição e o meu sucessor, camarada de curso e amigo Almirante Mendes Calado, que me substituiu no cargo de Chefe do Estado-Maior da Armada, assim, dispôs de tempo para definir e pôr em prática a sua visão para a Marinha. Mas, também porque, para mim, foi emocionalm­ente muito difícil a saída ao fim de 43 anos de serviço. - Enquanto chefe da Marinha implemento­u medidas após o furto de Tancos?

- Sim. Melhorámos o sistema de deteção eletrónica do Marco do Grilo [paióis da Marinha].

- A perda da caixa de munições na rua fragiliza a Armada?

- A Marinha, de imediato, instaurou um processo de averiguaçõ­es para apurar as razões e as responsabi­lidades associadas a este grave incidente. Foi identifica­da matéria suscetível de configurar infração disciplina­r, o que determinou a instauraçã­o de um Processo Disciplina­r, que prossegue os trâmites legais previstos. Sei, também, que a Marinha já pôs em prática medidas destinadas a evitar que uma situação semelhante volte a ocorrer.

“CASOS SÃO TODOS MUITO GRAVES E CARECEM DE APURAMENTO”

“ESTOU CONVICTO QUE OS PORTUGUESE­S TÊM CONFIANÇA E ORGULHO NAS FA”

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Almirante Silva Ribeiro aguarda pelo resultados das investigaç­ões aos casos polémicos nas Forças Armadas
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