Brasonaro
BOLSONARO VAI SER UM DESASTRE. MAS CONVENHAMOS QUE O DESASTRE JÁ LÁ ESTAVA HÁ MUITO
Daqui a uma semana, já o célebre Jair Messias Bolsonaro deverá ter sido eleito presidente do Brasil, o que é efectivamente uma perspectiva desgostante. O Brasil foi pioneiro num certo regresso à democracia da América do Sul durante os anos 80 e 90. Que agora esteja disposto a eleger alguém assim, custa.
Uma das análises mais incríveis ao fenómeno que se tem ouvido por aí é de que o PT nada tem que ver com o que se passa. Se aceitássemos o argumento, teríamos de enviar para as urtigas a ideia de que uma das principais valias da democracia é afastar quem está no poder. Ora, os resultados não enganam: a principal razão dos eleitores para votarem Bolsonaro foi correr com o PT. Bolsonaro não é uma espécie de geração espontânea, sem relação com o ecossistema existente.
E é aqui que tudo se explica: o PT não tem quaisquer pergaminhos democráticos, seja por origem, tradição ou ideologia. O PT apenas aceitou a democracia no ambiente de refluxo do comunismo internacional no início do século XXI. Uma vez no poder, embarcou num processo de sistemática subversão da democracia: que respeito pela democracia revela a compra de votos parlamentares, como no “Caso Mensalão”? Ou a instrumentalização do poder económico para se perpetuar no poder, como no “Caso Lava-Jato”?
Muita gente avisou, durante 14 anos, que o PT se tinha transformado num agente de destruição da democracia. A resposta foi sempre que era preciso aceitar mais ou menos tudo porque a alternativa era o fascismo: uma técnica de discussão muito típica da esquerda. Bolsonaro é o corolário natural disto. Ainda nesta campanha, Haddad, em modo venezuelano-madurista, se apresentou com uma proposta de nova constituição a ser feita por uma assembleia constituinte. Isto é tão preocupante quanto o próprio Bolsonaro.
Bolsonaro vai ser um desastre.
Mas convenhamos que o desastre já lá estava há muito.