Cavaco duvidou de Azeredo Lopes
ESCOLHA r Ex- Presidente via “pessoa difícil e desagradável no trato”
Oex-Presidente da República Cavaco Silva recorda no livro ‘Quinta Feira e Outros Dias - Da coligação à Geringonça’ ter tido dúvidas sobre a escolha de Azeredo Lopes – que pediu a demissão por causa do caso de Tancos – para liderar o Ministério da Defesa.
Na segunda parte das memórias, agora publicadas em livro que chega hoje às bancas, Cavaco recorda a reunião com António Costa, de 25 de novembro de 2015, antes da posse do Executivo, e dos comentários que fez às escolhas para ministros. Houve dois nomes que lhe mereceram particular atenção: Augusto Santos Silva, nos Negócios Estrangeiros, que Cavaco elogiou; e Azeredo Lopes, figura que o então Chefe de Estado “não conhecia de todo”. “A informação que recolhera apontava para uma pessoa difícil, desagradável no trato e de linguagem um pouco agressiva, o que me levava a recear dificuldades nas suas relações com as chefias milita- res e em reconhecer devidamente a especificidade da condição militar.”
O antigo Presidente documenta também as onze reuniões que teve com António Costa durante o mandato e recordou episódios do pré e pós-geringonça. Num encontro a 12 de outubro, quando Cavaco já tinha percebido que Costaestava negociar apoios para governar, o ex-Presidente conta que Costa usou o argumento de que “se aceitasse um muro a separar o eleitorado do PS do eleitorado à sua esquerda, o seu partido poderia ver-se impedido de governar por muito tempo” e que o motivo pelo qual afastava um acordo com PSD e CDS era “salvar o PS”. “Ocorreu-me dizer-lhe que ser primeiro-ministro era uma condição necessária para se salvar a si próprio como líder do PS, mas, como é óbvio, não o fiz”, confessa. E descreve o primeiro-ministro como “profissional político de pendor taticista” e “um mestre em gerir a conjuntura política”.
ANTIGO CHEFE DE ESTADO DIZ QUE COSTA SE QUIS “SALVAR A SI PRÓPRIO”