O ELEVADOR DO BLOCO
Com o gáudio em torno da medida que baixará o valor das propinas, o Bloco de Esquerda quer colocar todos os estudantes no mesmo elevador social. Mesmo os que já moram na cobertura dos prédios de luxo.
Há muito a fazer para que o elevador social – essa grande conquista das democracias – possa continuar a operar.
É no Ensino Superior que mais se acentuam as diferenças entre ricos, remediados e pobres.
Tratemos dos pobres: a percentagem dos mais desfavorecidos, no total dos que chegam ao Ensino Superior, será inversamente proporcional à dos portugueses que vivem no limiar da pobreza. Para estes heróis – gente estoica, capaz de aplanar montanhas – há bolsas, isenção de propinas e capacidade de resposta no alojamento gratuito. Há, por serem muito poucos. O elevador social fecha-se na cara dos pobres muito antes do Ensino Superior.
O problema da falta de apoio do Estado massacra a classe média, essa imensa multidão que puxa pelo País, com rendimentos diminutos, mas sem direito a subsídios ou isenções. Também são heroicos os esforços destas famílias para colocar os filhos nos mais altos patamares do elevador social. Mas esta multidão imensa de universitários nem com regime de cama quente caberia nas residências públicas. Com a saudável pressão turística sobre as grandes cidades, urge criar dezenas de milhares de camas para jovens universitários. Sem esta oferta pública, agudizam-se as diferenças sociais e a discriminação negativa sobre as famílias do Interior.
Perante este quadro, o que satisfaz o Bloco de Esquerda? Um corte cego no valor das propinas. Como se ricos e classe média dormissem todos no mesmo elevador.