A oposição interna
Esta semana ficámos a saber que o Governo dá emprego a 1236 pessoas, tendo admitido nos últimos meses mais 77 novos membros no clube. António Costa é, digamos assim, o presidente deste clube exclusivo que só aceita socialistas. Também esta semana, o bloco central informal voltou a funcionar nas eleições para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, democraticamente combinadas entre Costa e Rui Rio. Três para o PS e duas para o PSD. E funcionou com a ajuda do PSD ao PS para a aprovação na especialidade das alterações ao regime de contratação pública. Entretanto, o primeiro-ministro vai conduzindo as negociações com o BE e o PCP para o Orçamento do Estado. Dir-se-ia que, dando tantos empregos e sem uma verdadeira oposição, António Costa só tem contra si a crise pandémica e a crise económica. Mas há um novo fator desestabilizador que começa a emergir internamente: os desafios à liderança para testar o poder do chefe. Foi o caso da provocação do ministro Pedro Nuno Santos ao defender a candidatura presidencial de Ana Gomes. Este episódio sugere que António Costa está assoberbado por uma governação muito difícil e começa a perder a mão nas suas tropas.