PJ trava ‘lavandaria’ mundial de milhões
DETENÇÕES Investigação leva a megaoperação em 15 países que terminou com 20 detidos ESQUEMA Grupo usava bancos portugueses para branquear dinheiro de outros criminosos
Oalerta para um homem num banco de Lisboa que estava a abrir contas com documentos falsos para lavar dinheiro, em janeiro de 2019, foi o ponto de partida para uma investigação da Polícia Judiciária que acabou numa megaoperação mundial que envolveu a Europol, o FBI e as autoridades de 15 países. Em causa está uma rede de lavagem de dinheiro que prestava serviço a cibercriminosos e usava Portugal como base das operações. Vinte pessoas acabaram detidas – cinco delas na Lituânia e outra na Polónia sob mandados de detenção emitidos por Portugal.
REDE ABRIU 272 CONTAS COM DOCUMENTOS FALSOS EM PORTUGAL
“Este grupo vendia serviços para branquear dinheiro a outros criminosos a partir da ‘dark web’. Para isso usaram, só em Portugal, 272 contas bancárias com recurso a documentos falsos e abriram 32 empresas com esse objetivo”, explica ao CM Paulo Gonçalves, inspetor-chefe da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T) da PJ. “Vinham a Portugal, abriam as contas, constituíam empresas e dias depois desapareciam, circulando por toda a União Europeia”, acrescenta o responsável.
O grupo, que se autodenomina QQAAZZ, era composto sobretudo por nacionais da Letónia e conseguiu desta forma ‘lavar’ dez milhões de euros – seis milhões apenas em Portugal – que outras redes criminosas roubaram a milhares de vítimas através de ‘phishing’ e extorsão, entre outros métodos. De acordo com a Europol, que coordenou a operação mundial a partir das informações recolhidas pela PJ, a rede cobrava 50% do montante lavado.