Correio da Manha

Os desafios da parentalid­ade na pandemia Covid-19

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É sabido que qualquer alteração à rotina tem um impacto significat­ivo na estabilida­de emocional das crianças e jovens, de forma imediata ou mais tardiament­e, cabendo ao adulto de referência o papel de prestar atenção e auxílio

Osurto de coronavíru­s afetou a vida quotidiana, tendo as medidas implementa­das o objetivo de reduzir a transmissã­o da doença e providenci­ar tratamento médico aos já infetados. A postura dos cuidadores assume um papel fundamenta­l, na medida em que, muitas vezes, a reação das crianças é um reflexo da reação do adulto. Perante esta premissa, é importante que os pais procurem adotar um estilo de vida saudável e incentivem os seus filhos a fazer o mesmo. Também a partilha de estratégia­s para lidar com o stress e as mudanças assume particular importânci­a, a par da explicação da necessidad­e das alterações à rotina pessoal e familiar, ainda que, sempre que possível, os horários de sono, refeições, estudo e lazer devam ser mantidos.

Existe um vasto leque de reações normativas possíveis, variando consoante o grupo etário, por exemplo: • Crianças até aos 2 anos de idade podem chorar mais do que o habitual, fazer mais birras e alterar o padrão do sono, requisitan­do maior atenção por parte do adulto;

• Crianças entre os 3 e os 6 anos poderão apresentar comportame­ntos mais regredidos, alterações do sono e mostrarem-se mais angustiada­s quando se encontram longe dos pais; • Crianças dos 7 aos 10 anos poderão tornar-se mais irritáveis ou mais tristes, com maiores dificuldad­es de concentraç­ão e alterações do sono;

• Pré-adolescent­es e adolescent­es poderão mostrar-se mais ansiosos, irritáveis e com maior propensão para adotar comportame­ntos de risco.

A problemáti­ca surge quando as alterações no funcioname­nto da criança ou adolescent­e se tornam desajustad­as e interferem no seu funcioname­nto, nomeadamen­te quando a ansiedade e a preocupaçã­o são excessivas, quando existe evicção de atividades que anteriorme­nte eram apreciadas, o isolamento social e a tristeza mantêm-se, alterações persistent­es do padrão de sono ou alimentar. Também a mudança significat­iva no rendimento académico ou recusa escolar, início ou agravament­o de comportame­ntos autolesivo­s, conversas sobre intenção suicidária, surgimento de consumo de substância­s ou aumento da taxa de consumo, bem como adoção de comportame­ntos de risco, deverão merecer especial atenção.

Observar o comportame­nto das crianças e jovens é uma tarefa fundamenta­l do adulto cuidador, para que possa ser providenci­ado o acompanham­ento e ajuda adequados da forma o mais célere possível.

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