SOCIEDADE: CASO.

CASO Jovem de 17 anos foi três vezes à CUF Descobertas numa semana e meia, mas a inflamação no coração só foi descoberta à terceira INVESTIGAÇÃO Ministério Público já abriu inquérito

JOVEM DE 17 ANOS FOI TRÊS VEZES AO HOSPITAL NUMA SEMANA E MEIA. INFEÇÃO SÓ FOI DESCOBERTA À TERCEIRA.

Duas idas à Urgência Pediátrica da CUF Descobertas, em Lisboa, e dois raio-X ao tórax não bastaram para detetar a miocardite - inflamação no coração - que acabou por ditar a morte de João Pedro, de apenas 17 anos. O Ministério Público já instaurou um inquérito às circunstâncias da morte, confirmou ontem.

Segundo a unidade hospitalar privada, foi necessária uma terceira consulta, já que o índice cardiotorácico (mede o aumento da silhueta cardíaca) não estava fora dos parâmetros normais a 16 e 18 de novembro do ano passado. Mas, os relatórios clínicos que acompanham os três raio-X, quer de 16, de 18 e de 24 de novembro, a que o CM teve acesso, contradizem a própria CUF. Pode ler-se, em todos os documentos: “aumento da silhueta cardíaca”.

Perante um crescimento do volume do coração seria de esperar que a unidade realizasse exames complementares de diagnóstico de forma a perceber a causa do aumento. Mas não o fez. O CM voltou a confrontar a CUF Descobertas sobre o assunto, mas o hospital voltou a repetir os esclarecimentos: no dia 24 de novembro o jovem revelou “um índice cardiotorácico fora dos parâmetros normais, o que não foi evidente a 16 e a 18 de novembro de 2019, não sendo, por isso, identificável, nessas datas, uma patologia cardíaca, além da pneumonia que apresentava”. O CM voltou a insistir, questionando quais os valores do índices cardiotorácico revelados pelo jovem em cada uma das consultas, mas não obteve resposta.

Os pais de João Pedro pediram um parecer médico-legal para apurar responsabilidades. Queriam perceber de que forma é que o atraso no diagnóstico da inflamação no coração foi determinante para a morte do jovem, a 4 de março. O documento é taxativo: “tal diagnóstico atempado possibilitaria, em condições normais, um desfecho favorável, evitando a morte da vítima, pelo menos, a curto/médio prazo”.

RELATÓRIOS CLÍNICOS REVELAM TODOS AUMENTO DA SILHUETA CARDÍACA

1Jovem foi atendido na Urgência Pediátrica da CUF Descobertas, em Lisboa

2Primeiro raio-X , a 16 de novembro, na CUF. Seguiram-se outros dois.

3João Pedro Souto, de 17 anos, morreu na sequência de inflamação no coração. O Ministério Público abriu um inquérito ao caso.