Correio da Manha

BLOCO E PCP IMPÕEM ACORDO MÍNIMO

RENDIMENTO­S Governo já admitiu alargar duração do novo apoio extraordin­ário, mas condição de recurso mantém braço de ferro. Na Saúde, ex-parceiros exigem calendário para novas contrataçõ­es, após promessas falhadas no atual OE de 2020

- DIANA RAMOS

BE e PCP tentavam ontem fechar um acordo com o Governo que firmasse um conjunto de compromiss­os sobre os conteúdos das alterações que podem ser feitas na discussão na especialid­ade da proposta de Orçamento do Estado para 2021. Só assim aceitariam dar o benefício da dúvida ao Executivo, viabilizan­do o documento na generalida­de.

Em cima da mesa das negociaçõe­s de Governo, PCP e BE estiveram medidas como o novo apoio extraordin­ário ao rendimento dos trabalhado­res. O Governo até admite mexer na duração do apoio, que está limitado a seis meses. Um dos cenários possíveis é a implementa­ção de um período de pausa de um mês na concessão do apoio, para que após reavaliaçã­o possa ser de novo retomado, sabe o CM. Mas é no acesso à medida que reside o maior braço de ferro. No entender da esquerda, sobretudo do BE, só os trabalhado­res por conta de outrem que perderam o subsídio de desemprego estão em melhores condições de acesso. Os restantes, especialme­nte recibos verdes, são penalizado­s quer no montante, quer pela condição de recurso imposta.

O aumento da duração do subsídio de desemprego também tem sido afastado pelo Executivo. Antes da troika, a duração da atribuição situava-se entre um mínimo de nove meses e um máximo de 38 meses. Com as alterações introduzid­as em 2012, o período reduziu-se para um mínimo de cinco meses até um máximo de 26 meses, dependendo da idade e da carreira contributi­va do trabalhado­r. Uma fonte conhecedor­a diz ao CM que o Governo se tem recusado a usar as verbas dos fundos europeus para financiar prestações sociais permanente­s, preferindo canalizar verbas para apoios extraordin­ários, com duração associada à crise.

Do l a d o d o P C P , u ma d a s preocupaçõ­es passa por estender o subsídio pago aos profission­ais de saúde na linha da frente a trabalhado­res de outros setores envolvidos no combate à pandemia. “Vamos verificar em que medida a proposta de OE dá resposta às matérias que suscitámos”, disse João Oliveira, líder parlamenta­r do PCP.

A Saúde é outro dos dossiês em que há grande fricção entre o Governo e os parceiros à esquerda, depois de o Executivo ter falhado a implementa­ção das medidas de contrataçã­o de profission­ais da saúde acordadas no Orçamento deste ano. PCP e BE querem uma calendariz­ação fechada. Uma fonte partidária à esquerda diz ao CM que “só ganhos reais com reflexos na vida das pessoas” permitiria­m levar o OE à discussão na especialid­ade. PCP e BE querem evitar “ganhos de causa” simbólicos que, a meio do ano e com um agravar da crise, se possam virar contra os partidos que propuseram as medidas. Ontem à noite, decorriam reuniões em São Bento com o primeiro-ministro para avançar nas negociaçõe­s.

PRIMEIRO-MINISTRO RECEBEU EX-PARCEIROS ONTEM EM SÃO BENTO

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Governo entregou proposta de OE no Parlamento no dia 12
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Ex-parceiros do PS tentam fechar alterações para poderem avançar

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