Correio da Manha

ESPECIAL: TERRORISMO. PROFESSOR SAMUEL PATY FOI DECAPITADO EM PLENA RUA POR MOSTRAR CARICATURA­S DE MAOMÉ NUMA AULA.

CHOQUE Professor Samuel Paty foi decapitado em plena rua por mostrar caricatura­s de Maomé numa aula sobre a liberdade de expressão INTERNET Vídeo posto a circular nas redes sociais pelo pai de uma aluna e por um pregador radical foi o ‘gatilho’ que fez o

- RICARDO RAMOS

Abdoulakh Anzorov não conhecia Samuel Paty. O jovem imigrante checheno de 18 anos vivia a quase cem quilómetro­s do professor, os seus caminhos provavelme­nte nunca se cruzaram, não conhecia sequer o seu nome ou o seu rosto. No entanto, na semana passada, decidiu matá-lo. Pior do que isso, decidiu decapitá-lo em plena rua, a poucos metros da escola onde dava aulas. Tudo por causa de um vídeo em que o professor era acusado pelo pai de uma aluna e por um pregador radical de ter faltado ao respeito ao Islão por mostrar, numa aula sobre liberdade de expressão, as famigerada­s caricatura­s do profeta Maomé que estiveram na origem do ataque ao ‘Charlie Hebdo’ em 2015.

O vídeo alastrou como fogo nos círculos islamistas mais radicais e foi partilhado centenas de vezes até chegar a Anzorov. Foi o ‘gatilho’ que fez passar à ação o jovem checheno recentemen­te radicaliza­do que conseguiu escapar ao radar das autoridade­s, apesar dos apelos à

‘jihad’ que publicou no Twitter este verão. Segundo a polícia, Anzorov enviou uma mensagem ao pai da aluna ofendido para saber o nome do professor e, na sexta-feira, deslocou-se à pacata aldeia de Conflans-Sainte-Honorine com duas facas na mochila. À porta do liceu, ofereceu dinheiro a quatro alunos para lhe apontarem Samuel. Quando este saiu da escola, decapitou-o. “Executei um dos cães do Inferno que ousaram rebaixar Maomé”, escreveu no

Twitter antes de ser abatido pela polícia.

“O inimigo está entre nós. O Islão radical infiltrou a nossa sociedade”, reconheceu ontem o primeiro-ministro, Jean Castex, no Parlamento, admitindo a impotência das autoridade­s para travar a apologia do terrorismo nas redes sociais, nas quais pregadores radicais como Abdelhakim Sefrioui - um dos autores do vídeo que condenou Samuel à morte - espalham impunement­e a sua mensagem de ódio, apesar de mais de uma década de combate ao terrorismo islâmico em França.

TERRORISTA PAGOU A ALUNOS PARA LHE APONTAREM A VÍTIMA

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Samuel Paty, professor de História e Geografia, foi decapitado por um radical islâmico de 18 anos

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