QUATRO GUARDAS DO ESTABELECIMENTO DE PAÇOS DE FERREIRA FACILITAVAM A ENTRADA DE DROGA.
ACUSAÇÃO Negócio na cadeia de Paços de Ferreira tinha aval de funcionários CORRUPÇÃO Além de droga, também negociavam a entrada de telemóveis. Familiares de presos envolvidos
RECEBIAM À COMISSÃO DEPOIS DA VENDA DENTRO DAS GRADES DA PRISÃO
UM ESTÁ NA CADEIA E OUTROS DOIS ESTÃO COM PULSEIRA ELETRÓNICA
Era um negócio que se fazia quase diariamente. Os reclusos recebiam droga e telemóveis que eram colocados no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira por, pelo menos, quatro guardas prisionais. Apenas três chegam a julgamento (um deles morreu entretanto) e serão julgados com mais 12 arguidos - nove deles atualmente a cumprirem pena em diversos estabelecimentos prisionais do País.
Segundo a acusação que o CM consultou, os arguidos há muito que se dedicavam a este modo de vida. Os contactos entre guardas e familiares de alguns presos eram feitos no exterior da cadeia e era aí que eram entregues os objetos proibidos. Os guardas prisionais e pelo menos um chefe recebiam ‘à comissão’. Não se sabe exatamente quanto, apenas que faziam entrar grandes quantidades de droga - a PJ fala mesmo em entregas de 100 gramas de heroína ou de 500 gramas de canábis diariamente.
Outros dos objetos que os reclusos ‘compravam’ e que eram introduzidos na cadeia com a conivência dos guardas eram cartões de memória e cartões SIM. Aliás, a utilização dos telemóveis ainda é uma constante, havendo mesmo reclusos que filmam festas e outras atividades e tornam púbicas essas imagens nas suas redes sociais.
Ainda segundo a acusação do Ministério Público, esta rede contava com reclusos que apenas se dedicavam a guardar os objetos obtidos ilegalmente. Alguns eram guardados em esconderijos nas celas, havendo também casos em que eram escondidos em áreas comuns.
Os três funcionários da cadeia de Paços de Ferreira que chegam a julgamento estão presos. Um está na cadeia anexa à Polícia Judiciária do Porto e outros dois estão em domiciliária.