Covid-19 tira fins de semana a professores
CANSAÇO › Diretores sem descanso desde o início da pandemia obrigados a estarem disponíveis 24 horas por dia para resolver problemas com casos
São poucos os fins de semana livres para quem dirige uma escola em tempo de pandemia. João Dantas, diretor do Agrupamento D. Maria II, de Braga, passou o dia de ontem em contactos com a autoridade de saúde devido a um caso suspeito numa escola. “Agora já conseguimos contactar a autoridade de um dia para o outro, mas até há dez dias era um desespero muito grande”, conta ao CM. Uma das principais dificuldades tem sido o atraso na realização de testes aos alunos. “Uns estavam em casa, outros na escola, era injusto. Tivemos alunos mais de 25 dias em casa”, relata.
“Os diretores estão muito cansados até porque, além do trabalho, existe uma enorme pressão para que corra tudo bem. É muito extenuante e vários colegas têm-me confessado o desejo de abandonar o cargo”, conta à Lusa o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, Manuel Pereira, que dirige o AE General Serpa Pinto, em Cinfães.
“Neste momento, temos duas escolas a funcionar em simultâneo: a escola normal e a escola Covid”, explica Irene Louro, diretora do Agrupamento nº 2 de Loures. Os casos de Covid-19 obrigam a acionar uma intrincada operação, desde logo recolher informações junto da família afetada para poder avisar os serviços de saúde. Para o delegado de saúde “segue uma folha Excel com dados variados e até uma planta da sala de aula onde o aluno se senta e contactos telefónicos das famílias”, explica. As autoridades de saúde decidem quem fica em isolamento profilático, mas são as escolas que informam as famílias dos alunos.