A mesma música
NOTA EDITORIAL
OPCP é um relógio suíço, não atrasa nem adianta, à espera de um tempo que se afasta. A orquestra continua afinada, mas a pauta é a mesma, a música não se liberta do grande capital, das forças reacionárias, das ameaças antidemocráticas e fascizantes. Lembra os cânticos de Natal que se ouvem por estes dias, com o Coro de Santo Amaro a rivalizar com o ‘Jingle Bells’. Não fosse a polémica em torno da legitimidade da realização do congresso, em plena pandemia, e pouco havia de registo. As críticas do costume, a eleição do vencedor antecipado, a reafirmação de que o
DEEM AS VOLTAS QUE QUISEREM, NÃO “FOI BONITA
A FESTA, PÁ”
partido conta, embora sem dividendos, como se viu nas legislativas. Nem o único voto contra Jerónimo, o dele, já que recusou votar em si, salvou a monotonia. Um desbloqueador de conversa, apenas.
Perante os factos, fica por entender o que levou o PCP a insistir no encontro. E é indiferente se as regras da DGS foram cumpridas, se a lei foi respeitada. Ver 600 pessoas num pavilhão, três dias, em tempo de restrições, com famílias que esperam há meses por uma oportunidade para estarem juntas, é falta de bom senso, uma quase provocação. Deem as voltas que quiserem, não “foi bonita a festa, pá”.