Fraude de 800 mil € com lixo contaminado faz 30 detidos
`OPERAÇÃO RETROVÍRUS' GNR lidera investigação com origem em Espanha, que detetou esquema com resíduos sanitários por toda a Europa
Uma operação com início em Espanha levou as autoridades portuguesas à detenção de 30 pessoas por eliminação ilegal de resíduos sanitários relacionados com a Covid-19. Foi ainda apreendido material no valor de 790 mil €, numa fiscalização que visou duas mil empresas, hospitais e centros de saúde.
A ‘ Oper a ç ã o Re t r o v í r u s ’ , coordenada pela Europol, foi liderada em Portugal pela GNR, mas contou com elementos da ASAE, DGS, Autoridade Tributária, PSP, PJ e Agência Portuguesa do Ambiente no terreno. Teve início na primeira fase de confinamento – entre abril e maio – e terminou agora, com um total de 102 pessoas detidas em toda a Europa. Na prática, uma empresa que opera em Barcelona, Madrid, Múrcia, Valência, Tarragona e Saragoça, e que tinha ligações com outra organização que operava em Lisboa, recebeu milhares de euros para esterilizar material contaminado, sobretudo de hospitais, mas o mesmo voltava a sair sem o tratamento necessário e era ‘exportado’ ilegalmente para outros países europeus. “O lixo sanitário, coletado pela empresa, normalmente era esterilizado em alta pressão para eliminar todos os componentes perigosos, mas para aumentar os lucros foi reduzido o tempo de tratamento, fazendo com que os resíduos não fossem devidamente esterilizados, o que provocava riscos elevados para a saúde pública”, refere a Europol. As autoridades também fiscalizaram o transporte de resíduos em toda a UE e as polícias da República Checa, Polónia, Roménia e Eslováquia identificaram carregamentos ilegais, que foram devolvidos ao país de origem. Fonte oficial da GNR adiantou ao CM que só em Portugal foram apreendidas 270 mil máscaras cirúrgicas e 148 mil máscaras sociais nestas condições. Em causa estão crimes de fraude, armazenamento, despejo e transporte ilegal de resíduos.
ESTERILIZAÇÃO ERA INTERROMPIDA PARA AUMENTAR LUCROS