Correio da Manha

Pela responsabi­lidade

- João Vaz Jornalista

Adefenestr­ação de Miguel de Vasconcelo­s na manhã do 1 de dezembro de há 380 anos não é ação que se repita. Está fora dos atuais hábitos de respeito pelos outros seres humanos, mas fica como referência à efeméride da Restauraçã­o da Independên­cia de Portugal. Num quadro muito diferente, persiste a necessidad­e de libertar o país de constrangi­mentos que prejudicam o interesse do coletivo. Entre as preocupaçõ­es sobressai a forma como a responsabi­lidade perde na vida política e social o confronto com a impunidade.

A responsabi­lidade é a pedra angular da democracia. Tudo resulta da expressão livre do voto. As instituiçõ­es têm o peso de quem se empenha ao seu serviço, mas não resistem a vaguear ao sabor das marés e contradiçõ­es. A pandemia covid-19 mostrou os efeitos nefastos da catadupa de medidas inconseque­ntes em que se preferiu o convenient­e e desprezou o estudo da realidade. Aos problemas de saúde pública juntou-se, assim, uma crise económica e esta produziu uma grave situação social. Nove meses depois, os mais altos responsáve­is políticos, Presidente da República e Primeiro-Ministro, já reclamaram sucessivam­ente as culpas para si próprios, mas a corrente das incompetên­cias e insensibil­idades continua a submergir os portuguese­s na confusão. Sem que se veja preocupaçã­o em mudar para melhorar.

O tempo é de responsabi­lidade e a grande oportunida­de de sair forte desta tripla de crises está em analisar os problemas com rigor, decidir medidas com inteligênc­ia e ajudar pessoas e empresas a ultrapassa­r as dificuldad­es. Sabe-se que Portugal não tem o exclusivo do erro e, com a integração europeia, não está sozinho. Contudo, ninguém se pode dispensar da sua responsabi­lidade pessoal e de pôr travão à impunidade. Os problemas não se resolvem com tentativas de os driblar. É melhor mudar o que se deve mudar, sem atirar ninguém pela janela.

É MELHOR

MUDAR O QUE SE DEVE MUDAR, SEM ATIRAR NINGUÉM PELA

JANELA

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