Os ziguezagues de Rui Rio
lvaro Almeida foi eleito deputado pelo distrito do Porto, nas listas do PSD. Rui Rio apresentou-o como grande especialista em finanças e, na campanha eleitoral de 2019, escolheu-o para fazer frente a Mário Centeno nas discussões macroeconómicas. Quem ouvia o Presidente do PSD, ficava convencido de que Almeida era a última bolacha do pacote.
Quando nas votações do Orçamento do Estado Rui Rio decidiu juntar os votos do PSD aos do Bloco de Esquerda para impedir o cumprimento das obrigações contratuais do Fundo de Resolução perante o Novo Banco, Álvaro Almeida pediu para não acompanhar o sentido de voto do PSD, porque, segundo ele, impedir o Estado Português de cumprir os seus contratos “colocaria em causa a estabilidade do sistema financeiro português”.
É preciso lembrar as palavras do deputado Álvaro Almeida porque também muitos sociais-democratas ficam surpreendidos com os ziguezagues de Rio, que na sua ambição cega de poder tanto se junta à direita como à esquerda, desde que com isso crie dificuldades ao Governo e mesmo que pelo caminho arrase a frágil situação económica e social do País.
A Constituição e a Lei de Enquadramento Orçamental são perentórias e o Orçamento do Estado, entre muitas outras coisas, tem obrigatoriamente de inscrever o dinheiro para o Estado cumprir as suas obrigações contratuais. A inconstitucionalidade e ilegalidade do resultado da votação do PSD e dos seus novos amigos são tão graves e flagrantes que o Tribunal Constitucional, ou qualquer outro a quem o caso seja apresentado, não tem alternativa senão ordenar a sua emenda. Ainda bem! Com a dívida pública elevada que temos, não nos faltava mais nada do que termos os mercados financeiros com dúvidas sobre a seriedade, a capacidade e vontade do Estado Português para honrar os seus compromissos.