ESTÃO A AUMENTAR OS CORPOS POR RECLAMAR. EM LISBOA HOUVE UM AUMENTO DE 22,7% ATÉ SETEMBRO.
DADOS Lisboa com 135 funerais de indigentes até setembro, numa subida de 22,7% em relação ao ano passado AGRAVAMENTO Pico dos enterros na capital coincidiu com a primeira vaga da pandemia de Covid-19
ASanta Casa da Misericórdia de Lisboa já realizou, este ano, 135 funerais de pessoas cujos corpos não foram reclamados. O número representa uma subida de 22,7% em relação a 2019, ano em que, até setembro, a instituição foi responsável por 110 serviços fúnebres de indigentes.
O pico dos enterros coincidiu com a primeira vaga da pandemia de Covid-19: em março, abril e maio, registaram-se 69 exéquias, o que corresponde a mais de metade dos funerais sociais, realizados em Lisboa, nos primeiros nove meses do ano.
Abril, com 24 serviços fúnebres, foi o mês com maior número de cerimónias deste tipo, num aumento acentuado face ao ano passado, quando, no mesmo mês, foram registados oito funerais sociais, na capital. A lei atribui às autarquias o enterro dos corpos que ninguém reclama. Em Lisboa, o município estabeleceu um protocolo com a Santa Casa da Misericórdia para a realização das exéquias.
A Câmara do Porto realiza os serviços fúnebres de indigentes em dois cemitérios municipais. Este ano, no Prado do Repouso ainda não houve nenhum funeral social e, em 2019, registou-se apenas um. Já no cemitério de Agramonte o cenário nesta matéria é diferente: em 2019, contou 31 enterros e, até à data, registou duas dezenas, este ano.
No Algarve, quando o óbito é inesperado e, sobretudo, se quem morre vive sozinho e não foi procurado por ninguém, abre-se caminho a uma autêntica investigação. Realizada a autópsia, o Centro Hospitalar do Algarve contacta “autoridades policiais e embaixadas”, explicou fonte do hospital. Entre os dez concelhos do País com maior percentagem de população estrangeira, oito ficam na região - representam, pelo menos, um em cada quatro dos residentes em Vila do Bispo, Albufeira e Lagos. No ano passado, a Câmara de Faro procedeu à inumação de 21 indigentes. Este ano, já foram 14.
Em Coimbra, há seis anos que não há necessidade de avançar para a realização de qualquer funeral deste tipo.