VARA APANHA MAIS 2 ANOS DE CADEIA
ACÓRDÃO O facto de Armando Vara ter exercido o cargo de ministro pesou na decisão de o condenar a dois anos de prisão efetiva CASO Tribunal dá como provado a lavagem de dinheiro
Oantigo ministro Armando Vara foi ontem condenado a uma pena de dois anos de prisão efetiva por branqueamento de capitais. O amigo de José Sócrates já se encontra preso a cumprir cinco anos de prisão pelo caso Face Oculta - deverá sair em liberdade em fevereiro do próximo ano - mas deverá voltar à cadeia quando a sentença transitar em julgado. O julgamento do antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos foi o primeiro da Operação Marquês a ficar concluído.
O tribunal deu como provados quase todos os factos da acusação. O facto de Vara ter desempenhado o cargo de ministro pesou na decisão de o condenar a uma pena efetiva de prisão. “O arguido exerceu as mais altas funções públicas, contribuiu para a condução dos destinos do País e tinha rendimentos declarados acima da média. Tinha o dever moral de agir de uma forma diferente de como o fez, sendo elevado o nível de censura. Há que considerar também o grau de ilicitude muito elevado”, afirmou o juiz Rui Coelho.
Os juízes entenderam que ficou demonstrado que Armando Vara colocou dois milhões de euros em contas na Suíça e que trouxe depois para Portugal. Ficou também demonstrado que o antigo governante terá depois branqueado 535 mil euros, através de negócios imobiliários, sem que o dinheiro fosse “detetado pela Autoridade Tributária”. “À pergunta: qual o interesse deste percurso? Encontramos uma resposta que é óbvia: ocultar a origem do dinheiro”, frisou ontem o magistrado.
Para o tribunal, os depoimentos das testemunhas, designadamente do gestor de fortunas suíço Michel Canals, foram cruciais. “À luz da informação recolhida e das regras da experiência não é difícil alcançar a motivação do arguido com a circulação de dinheiro introduzido em numerário pela mão de terceiros para depois entrar em contas de sociedades offshore”, lê-se no acórdão.
O juiz Rui Coelho realçou também a falta de arrependimento do ex-governante, bem como o facto de optar por ficar em silêncio em julgamento. Vara só esteve, aliás, presente na primeira sessão.
OBJETIVO DE GOVERNANTE ERA “OCULTAR A ORIGEM DO DINHEIRO”, DIZ O JUIZ