OPERAÇÃO ADIADA DEIXA BEBÉ EM AGONIA
PAIS CULPAM A PANDEMIA. HOSPITAL FALA EM PROFISSIONAL DE BAIXA
Martim Morgado, o ‘bebé arco-íris’ de apenas seis meses, sofre há quatro meses com hérnias inguinais (localizadas nas virilhas). A cirurgia, marcada em março para a próxima segunda-feira, foi adiada. A notícia caiu que nem uma bomba no seio familiar que vive em Rio de Mouro, Sintra.
“O Hospital Amadora-Sintra ligou-me, uma semana antes da operação, e disse-me que a intervenção tinha se ser remarcada porque o bloco operatório iria ser dedicado à Covid-19. Como mãe, não aceito isto e, por isso, tive de expor o Martim porque se as pessoas não vissem o sofrimento dele, não percebiam”, começa por
PAIS DIZEM QUE HOSPITAL JUSTIFICOU ADIAMENTO COM ESPAÇOS PARA COVID
contar ao CM Cláudia Ribeiro, mãe do menino. Há quatro meses que a vida desta mulher é sentada, dia e noite, sempre com o filho ao colo.
“Esta é a única forma de o meu filho não chorar com dores. Parte-me o coração vê-lo a sofrer e também tenho medo, porque quando ele chora, as hérnias ficam salientes e podem estrangular a qualquer momento e isso pode pô-lo em perigo”, acrescenta. De acordo com Cláudia Ribeiro, em março, Martim teria apenas uma hérnia, mas o quadro agravou-se. A 4 de junho deslocaram-se à Urgência do Amadora-Sintra. “Foi-nos dito que em vez de uma, já existem duas hérnias, uma em cada virilha. Uma delas foi crescendo, rasgou o canal inguinal, e o intestino do Martim já chega ao saco escrotal. Ainda tentámos acelerar a operação, fomos ao Hospital da Estefânia, mas infelizmente não conseguimos”, lamenta Cláudia Ribeiro.
O CM confrontou o Hospital Amadora-Sintra na 2ª feira à noite. Ontem, de manhã, a unidade transmitiu aos pais que, afinal, a cirurgia vai acontecer na 2ª feira. O hospital diz que a operação tinha sido “reprogramada por motivos de baixa médica de um dos profissionais de saúde da equipa que estava destacada”. O CM sabe que se trata de um anestesista.
“O Martim é um bebé arco-íris. Perdi três bebés: dois gémeos em 2018 e uma menina em 2019. A gravidez do Martim foi de risco, o pós-parto foi muito difícil com toda esta situação, e o apoio que temos é este? Ter de expor os nossos filhos para terem direito a uma cirurgia? Não é justo”, critica Cláudia.