Correio da Manha

Premiar os projetos de hoje e descobrir os de amanhã

No lançamento da 3.ª edição do Prémio Floresta e Sustentabi­lidade, Pedro Siza Vieira afirmou que foi o reconhecim­ento da importânci­a económica da floresta que levou o Ministério da Economia a associar-se a este prémio de reconhecim­ento das melhores prátic

- FILIPE S. FERNANDES

“Os prémios permitem que as organizaçõ­es se mobilizem no sentido de mostrarem, aprimorare­m e evidenciar­em as suas melhores práticas, porque a motivação é muito importante, mas também nos permite fazer chegar a um conhecimen­to mais exato do que se está a passar no setor”, afirmou Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital.

Na sua opinião são também momentos de descoberta. “Muitas vezes nestes prémios o que começamos a ter é uma perceção muito mais exata daquilo que se vai desenvolve­ndo fora dos nossos holofotes. Descobrem-se coisas novas com as candidatur­as que não conhecíamo­s e a partir das quais é possível estimular melhor o que possa trazer mais valor para o ambiente, para a sociedade e para a nossa economia”.

Por sua vez, António Redondo, presidente da CELPA, considerou que “nesta 3.ª edição se assume, mais do que nunca, a importânci­a de estimular e premiar a produção de ideias e de práticas em torno da floresta, numa altura em que se procuram novos modelos de desenvolvi­mento assentes em critérios de sustentabi­lidade. A floresta plantada bem gerida é sustentabi­lidade”.

Sublinhou que um dos objetivos deste Prémio Floresta e Sustentabi­lidade é associar a sociedade civil à floresta, para que “participe e conheça melhor a problemáti­ca da floresta e a sua sustentabi­lidade, em particular, a mais relevante para o futuro do país. As florestas plantadas trazem riqueza, dão coesão ao território, fixam as populações e geram valor nas zonas rurais, onde muitas vezes as oportunida­des escasseiam”.

Daniel Bessa, presidente do júri, afirma em relação a esta 3.ª edição que tem esperança de que este ano “tenhamos a jogo mais empresas e, sobretudo, mais empresas que mostrem a diversidad­e de formas de estar na floresta, contribuin­do e criando valor”.

O professor jubilado da Faculdade de Economia do Porto salientou o valor económico da floresta e das suas indústrias, que envolvem cerca de 70 mil pes

É tempo de mudar a narrativa que está a ser contada sobre a floresta a nível mundial.

soas e o valor acrescenta­do é de cerca de 3 mil milhões anuais, com 2 mil milhões na indústria e 1 milhão na parte silvícola. Além disso, “num país que tradiciona­lmente tem grandes dificuldad­es com a balança comercial, é na floresta que está o maior saldo positivo do comércio externo português, sobretudo através da cortiça e da pasta e do papel”. Considera que no futuro “a floresta terá de ser paga por esse enorme serviço que também presta nas frentes do ambiente e da sustentabi­lidade”.

António Redondo referiu os principais desafios do setor para garantir que o mercado nacional forneça matéria-prima em quantidade para os objetivos das empresas do setor, que importam “por ano cerca de 200 milhões de euros de fibra de eucalipto, que é de qualidade inferior à fibra nacional e que tem de ser transporta­da para Portugal para ser transforma­da”.

O segundo grande desafio é mostrar que a floresta plantada, que é aliás maioritári­a em Portugal, vive em simbiose com a floresta de proteção e conservaçã­o. Para além da produção de material lenhoso e de biomassa, a floresta plantada faz a fixação de dióxido de carbono, a garantia de regulação dos fluxos de água, a formação do solo. “Não é apenas a floresta de conservaçã­o que tem valores de ecossistem­a que é necessário remunerar, a floresta de produção também tem esses valores”.

E salientou ainda a importânci­a para o futuro do aumento de produtivid­ade, da necessidad­e de investir mais no conhecimen­to, na ciência e na inovação para a sustentabi­lidade da floresta de produção numa perspetiva de longo prazo.

Estes instrument­os são cruciais para combater as alterações climáticas, uma das grandes ameaças à sustentabi­lidade da floresta e cujos efeitos se traduzem na desertific­ação do nosso território, nas ameaças de pragas e no aumento dos riscos de fogos florestais. “Temos de assegurar que sabemos combater as pragas, a desertific­ação, trazer mais conhecimen­to para o combate ao fogo florestal, a prevenção e gestão florestal ativa”, concluiu Pedro Siza Vieira.

“É tempo de mudar a narrativa que está a ser contada sobre a floresta a nível mundial”, afirmou Sadanandan Nambiar, especialis­ta em sustentabi­lidade florestal, que foi a estrela da cerimónia final da edição anterior do Prémio Floresta e Sustentabi­lidade. O investigad­or defendeu então que o abandono é a pior solução possível para a floresta e que só a sua exploração comercial e sustentáve­l permitirá mitigar os efeitos de alguns dos maiores problemas mundiais.

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