Correio da Manha

Inoculação da loucura

- Luciano Amaral Professor Universitá­rio

Dá a impressão de que o cepticismo sobre as vacinas contra a COVID está mais espalhado do que se julgaria e sobretudo entre as pessoas que mais afirmam defendê-las e mais obrigação teriam de as promover. Como diz a antiga primeira-ministra britânica Theresa May, ‘é incompreen­sível que as restrições sejam maiores agora do que no Verão passado’, apesar de 54% dos britânicos estarem inoculados. O que é verdade para o Reino Unido também é para Portugal, embora aqui os vacinados sejam um pouco menos: 44%. No Verão passado, havia zero vacinados e era possível circular por Portugal sem máscara na rua e utilizar restaurant­es e hotéis sem restrições. O cepticismo é tragicamen­te notório sempre que um ministro (e até o primeiro-ministro) tem um ‘contacto de risco’ e é obrigado a isolar-se durante semanas. Então a vacina não era para proteger da infecção?

Há um problema com estas vacinas, o qual, como de costume, não se discute, sob a mesma barragem moralista que nos enfiou os confinamen­tos pela goela abaixo: as vacinas não impedem a infecção nem impedem de infectar, ou seja, não imunizam, apenas impedem formas graves da doença. Isto é sub-óptimo, mas não deixa de ser bom: quando inoculada, uma pessoa pode ter confiança de que não desenvolve doença grave, mesmo se infectada. Como a doença grave afecta esmagadora­mente pessoas com mais de 70 anos e/ou condições médicas paralelas, as restrições podem acabar uma vez vacinado este grupo. Veja-se Portugal: muitos infectados, poucos mortos. Em vez disso, sob a batuta do encantador Macron, vai-se difundindo a ideia lunática da vacinação obrigatóri­a, impedindo pessoas não vacinadas de irem às compras, andarem de comboio ou até de serem tratadas no hospital (?!). Incluindo crianças, para quem o risco da vacina é maior do que o da infecção. Fascismo sanitário é a expressão exacta para isto.

FASCISMO SANITÁRIO É A EXPRESSÃO EXACTA PARA ISTO

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