DESAFIOS RUI RIO JOSÉ MANUEL PUREZA JOSÉ LUÍS CARNEIRO
PRESIDENTE DO PSD
O mundo assistiu com horror aos ataques terroristas do
11 de Setembro, deixando quase 3000 mortos em Nova Iorque, Washington
D.C. e Shanksville, feriu cerca de 25 mil e inspirou ataques em Bali, Djerba, Londres, Madrid e noutros lugares. Quase 20 anos depois, o mundo também assistiu com profunda preocupação ao fim da missão militar no Afeganistão, ao regresso do domínio talibã, numa espécie de Al-Qaeda 2.0. Contudo, o perigo representado pelo Daesh é uma ameaça global maior. Hoje, a sombra do terrorismo é tão grave ou pior do que era há 20 anos, já que a brutalidade manifestada prejudicou as democracias.
Vive-se, à escala global, uma sensação de insegurança permanente, vigilância generalizada, migrações em massa, recrutamento para a jihad e xenofobia, tendo resultado na queda geral da confiança no sistema político de matriz ocidental. A ascensão da monitorização da Internet e, com isso, o advento da recolha e análise de dados em massa trouxeram também uma ameaça à liberdade, em consequência do terrorismo. Infelizmente, há pouco tempo, presenciámos isso mesmo, por quem menos esperávamos: pelo próprio Estado, na sua expressão autárquica, na capital do nosso país.
Mas h á u m l a d o p o s i t i v o : e s t a s mudanças t a mbém revitalizaram os debates sobre governança global, Estado de direito, responsabilidade e privacidade.
Há 20 anos, para enfrentar uma ameaça comum, nações aliadas partilharam dados, treino, operações, inteligência, tecnologia, conhecimento e experiência. Saibamos hoje, passadas duas décadas, coexistir respeitando liberdades, direitos e garantias e promover bem-estar social de forma a expungir a atração, impacto e proliferação global do terrorismo.
DEPUTADO BLOCO DE ESQUERDA
A explosão do ódio levada ao coração dos Estados
Unidos no 11 de Setembro de 2001 inaugurou um tempo novo.
A hiperpresença das preocupações com a segurança tornou-se marca do quotidiano de quem tinha vivido décadas de tranquilidade. Nada de novo, no entanto, para os povos de tantos lugares do mundo, para quem a violência extrema era – e continua a ser – uma realidade de todos os dias que o mundo banaliza.
O t e mpo q u e c o meçou h á 2 0 a n o s a s s u - mi u a p u n i ç ã o c o mo mot o r d a Hi s t ó r i a . Os a u t o r e s d o s a t e n t a d o s i n v o c a r a m a p u n i ç ã o d o modo d e v i d a s i mbol i z a d o n a s T o r r e s G é meas c o mo r a z ã o d o s e u ato tresloucado. A invasão do Afeganist ã o p e l o s E UA e p e l a NATO f o i j u s t i f i c a d a c o m a p u n i ç ã o d o s ment o r e s d a c h a c i n a . Do s d o i s l a d o s , o s p o l í t i c o s d a p u n i ç ã o a b s o l u t i z a r a m a d e moni z a ç ã o d o o u t r o . Un s e o u t r o s s ã o f r a c o s e most r a m medo diante do desafio exigente do diálogo entre diferentes.
Vinte anos depois da explosão do ódio e m Manha t t a n , e s t a mos d e s a f i a d o s a quebrar o exclusivo estúpido da política d a p u n i ç ã o s e m f i m. I s s o c o meça p e l a rejeição de todas as políticas de ocupaç ã o mesmo a s q u e s e a c o b e r t a m p o r t r á s d o r ó t u l o ‘ h u mani t á r i o ’ . A s a í d a h u - mi l h a n t e d e Ca b u l e o r e g r e s s o e m f o r ç a dos intérpretes locais da política da pun i ç ã o a o p o d e r most r a m b e m c o mo a a r - r o g â n c i a d e q u e m o c u p a é i r mã g é mea d o ódio que lhe responde. Será que nem mesmo a s s i m a p r e n d e mos?
SECRETÁRIO-GERAL ADJUNTO DO PS
Os atentados terroristas do 11 de Setembro marcaram uma mudança significativa nas variáveis do sistema internacional e exigiram níveis mais extensos de cooperação internacional, quer na segurança e na defesa, quer no reforço do apoio ao desenvolvimento de países e regiões.
O 11 de Setembro foi um atentado ao coração da democraci a l i beral e pl ural i st a e aos EUA, que contribuiu para edificar a ordem do pós-II Guerra Mundial e ilustrou que os denominados poderes erráticos, já conhecidos no fim dos anos 80 e inícios dos anos
90, haviam adquirido uma eficaz capacidade de organização, de atuação global e de destruição.
Se após 1989 era já evidente a transição sistémica em curso, pelo desaparecimento de um dos polos ideológico, económico, político e militar, que durante quarenta e cinco anos permitiu manter uma relativa previsibilidade e regulação na estrutura bipolar do sistema internacional, o fim do conflito Leste /Oeste abriu a porta a uma desregulação da vida económica, social e política. E as transformações nos transportes, na mobilidade, nos fluxos de informação, na mobilidade de capitais, a par com o enfraquecimento do poder dos Estados, vieram mostrar que uma nova realidade estava a desenvolver-se e a consolidar-se. Razão pela qual, os Estados e as organizações internacionais tenham sentido a necessidade de avançar mais no movimento de integração regional, no fortalecimento das estruturas de decisão política, de segurança e defesa e, ainda, nos esforços de cooperação internacional para o desenvolvimento.
Ao fim destes 20 anos, aumentou a consciência de que a globalização tecnológica, económica e financeira, cultural e social impõe um sentido profundo de cooperação da comunidade internacional para enfrentar a pobreza e as desigualdades. É no desespero humano que o radicalismo e a violência procuram adeptos contra os valores liberais e democráticos nos quais assenta a ordem, a paz e o bem-estar económico e social. Essa consciência existe. Nas instituições e nas lideranças mundiais. Mas, nem sempre acompanha com a mesma celeridade decisória as exigências da conjuntura. É aí que deve estar a ação política.
ÊS SOUSA REAL
RTA-VOZ DO PAN
de Setembro foi um dos ntos mais marcantes da sa história recente. Até e, temos bem presentes magens dos atentados, custaram a vida a cerca rês mil pessoas, incluindo 227 civis que se encontram a bordo dos aviões. Tonos lembramos também fazer a questão “E se foseu ou a minha família?”. to é que o mundo não vola ser igual. O terrorismo umiu a partir de então uma ensão global e a seguranpassou a ser uma prioridada política interna e interional de todos os países. m o presente distancianto histórico, à boleia do e Setembro cometeram, contudo, excessos que deriam ter sido evitados nome do respeito pelos ores democráticos. Exems disso são a excessiva trição das liberdades indiuais dos cidadãos em vás países; ou os excessos
EUA visíveis na Guerra do que, uma guerra injusta e a informação falaciosa e resultados desastrosos; os atentados à dignidade mana na prisão de Guanamo – que inexplicavelnte continua em funcionanto. te anos passados há, s, que tirar a lição de que o minho da pacificação dos
flitos, do combate a ameaças transnacionais e da segurança coletiva não se fará com uma lógica de belicismo cego ou por via de países que se arrogam como polícias do mundo. Deve ser, sim, feito por via de uma política internacional assente no diálogo, no multilateralismo e num justo equilíbrio entre segurança e o respeito pelos direitos fundamentais e liberdade individual dos cidadãos. Face aos eventos mais recentes, não podemos deixar de invocar o incauto processo de retirada dos EUA de Cabul, abrindo a porta para uma tomada relâmpago pelos talibãs. Mais um dos exemplos de que o caminho seguido, e que tem sido entendido como de “missão cumprida”, deixa de fora uma política internacional de cooperação para uma paz duradoura. O que está a acontecer no Afeganistão, e noutras zonas do globo, é um alerta e não nos demite do dever de travar todo e qualquer retrocesso em matéria de direitos humanos, em particular das mulheres e crianças.
PEDRO GUERREIRO MEMBRO DO SECRETARIADO DO COMITÉ CENTRAL DO PCP
Os atentados do 11 de Setembr ode 2001, que o
PCP de imediato condenou,f oram utilizados pelos EUA para–nacon tinuidade da agressão da NATOàJug os lá via–lançar a escalada de guerra visando impor o seu domínio ao nível mundial. A pretexto da dita “guerra ao terrorismo ”, afrontando abertamente a Carta das NaçõesUn idas eodireito internacional, os
EUA–como apoio dos seus aliados, nomeadamente da NATO–invadiram e ocuparam países, como o Iraque, send oresponsáveis por centenas de milhares de mortos, por milhões de deslocadose refugiados, por uma imensa destruição; criaram campos de detenção e prisões secretas, nas quais praticaram a tortura; promoveram, financi arame armaram forças obscurantistas e a sua ação terrorista em diversos países; desrespeitaram liberdades e direitos fundamentais.
É pleno de significado que no momento em que as sinalam 20 anos sobre os acontecimentos do 11 de Setembro, os EUA e todos quantos colaboram e são coniventes com a sua estratégia de guerra – incluindo sucessivos governos portugueses – ten h a m s o f r i d o u ma h u mi - lhante derrota no Afeganistão, independentement e d e n o v o s p e r i g o s e riscos.
Vinte anos depois é ainda mai s f o r t e a e x i g ê n c i a q u e o s E UA e o s s e u s a l i a d o s não só ponham definitivament e f i m à s u a i n g e r ê n - c i a n o A f e g a n i s t ã o , c o mo à s u a i l e g a l e c r i mi n o s a política de intervenções mi l i t a r e s , o p e r a ç õ e s d e desestabilização, sanções e bloqueios económi c o s c o n t r a o u t r o s p a í - ses e povos.
Co mo s e r e a f i r ma a e x i - gência de que a política externa portuguesa deixe de estar subordinada à p o l í t i c a b e l i c i s t a d o s E UA, d a NATO e d a UE, e q u e s e paute pelo respeito da
Co n s t i t u i ç ã o d a R e p ú b l i c a Portuguesa, do direito de cada povo resolver os s e u s p r o b l e mas e o p t a r p e l o s e u p r ó p r i o c a mi n h o d e d e s e n v o l v i ment o , l i v r e ingerências externas.
JOÃO COTRIM DE FIGUEIREDO
PRESIDENTE INICIATIVA LIBERAL
Às 8h46 da manhã do dia 11 de setembro de
2001 o voo AAL
11 embateu contra com a Torre
N orte do World
Trade Center. Às
10h28 a Torre
Norte colapsou.
Entre o primeiro embate e a derrocada final passaram 102 minutos. Nesse intervalo de tempo, outros aviões embateram contra a Torre Sul e a fachada oeste do Pentágono, e um quarto avião caía num campo da Pensilvânia.
Nesses 102 minutos, perderam a vida 2.996 pessoas, no mais mortífero ataque terrorista de sempre. No entanto, a tragédia não ficou por aí .
Não foi só o World Trade Center que ficou em escombros. Igualmente destruída ficou a ideia de que há países inexpugnáveis, de que há serviços de informação infalíveis e de que toda a Humanidade atribui o mesmo valor à vida t err ena. E, pi or que t udo, os t err ori st as at i ngi - ram o seu objetivo principal: instilar o medo nas sociedades democráticas.
Movidos pelo medo, essas sociedades tornaram-se menos liberais. Suspenderam o Estado de direito, aumentaram a vigilância sobre os seus cidadãos e restringiram as suas liberdades. E fizeram-no com a complacência – quando não o apoio – das populações assustadas. Passados 20 anos, assistimos ao mesmo fenómeno. O Estado a aproveitar o clima de medo g e r ado pel a pandemia para r e s t r i ngi r as nossas liberdades. Sempre ‘para o nosso próprio bem’, sempre em nome de uma ilusão de s e g ur ança.
E, é sabido, quando se põe a segurança à frente da liberdade, acaba-se sem nenhuma delas. É contra o medo e pela Liberdade que a Iniciat i va Li beral l ut a t odos os di as.