Viva o consenso
Pode-se mudar Lisboa com sete vereadores eleitos frente a uma oposição maioritária de 10? Carlos Moedas afirma que sim, confiante nas armas do consenso. Na situação vigente, esta é uma novidade a juntar à surpresa da vitória da coligação liderada pelo PSD na câmara de Lisboa. O vencedor de domingo argumenta com a sua experiência na Comissão Europeia, onde se habituou a negociar com o mais aberto leque partidário e recebeu elogios de todos os lados.
O projeto Lisboa de Carlos Moedas, que ele apresenta como único na sua vida político-partidária, tem, contudo, muitos escolhos. A política portuguesa desenvolve há 20 anos uma radicalização espalhafatosa. Forças partidárias que divergem na política europeia, consideram-se parceiros privilegiados ao nível interno. E acontece o mesmo no vice-versa: os antagonistas nas opções governativas nacionais são aliados inevitáveis no concerto dos Estados europeus. Contra este anacronismo,
Rui Rio tem dado o corpo às balas e conseguiu os primeiros frutos da sua teimosia nas Autárquicas de domingo. O mais difícil será, porém, passar à prática, com êxito, concertações que se demonizaram com exorcismos falsos.
Nas eleições na Alemanha, também no domingo, o vencedor e previsível sucessor da democrata-cristã Ângela Merkel foi o candidato da oposição social-democrata que, curiosamente, é ministro das Finanças do governo em funções e, apesar desta coligação de opostos, os partidos extremos da direita e da esquerda perderam votos e lugares de deputados.
O consenso é o único caminho verosímil para Carlos Moedas e a sua equipa de coligação partidária que inclui independentes. Imagina-se a deceção da oposição maioritária que só se pode queixar da sua própria toleima. Deseja-se que os radicalismos serôdios sejam derrotados pela determinação de fazer melhor por Lisboa e pelos lisboetas, com transparência.
RUI RIO TEM DADO O CORPO ÀS BALAS
E CONSEGUIU OS PRIMEIROS FRUTOS
DA SUA TEIMOSIA