Correio da Manha

Vitória amarga, derrota doce

- MARCOS PERESTRELL­O Deputado do PS

OPartido Socialista partiu para as eleições autárquica­s de domingo passado com um número de câmaras de tal maneira elevado, 161, que dificilmen­te teria algo mais a ganhar. O mais natural seria perder algumas câmaras e ganhar outras e, no fim da noite, ficar com menos umas tantas do que tinha na véspera. Assim aconteceu e o PS manteve-se como o partido mais votado, com o maior número de câmaras e de freguesias, reforçando a sua posição nas áreas metropolit­anas de Lisboa e do Porto. O PS pode cantar vitória, mas a perda de Lisboa deu-lhe um sabor amargo.

No PSD, as coisas passaram-se ao contrário. A desvantage­m no número de câmaras, freguesias e votos face ao PS era de tal forma significat­ivo, que Rui Rio depois de inicialmen­te ter desvaloriz­ado tanto quanto pôde as eleições autárquica­s, se deu ao luxo de subir ligeiramen­te as suas fasquias e exigir a si próprio a recuperaçã­o de um número significat­ivo de câmaras para admitir continuar à frente dos destinos do PSD. A dúzia de presidênci­as de câmara a mais não pode ser considerad­o um número significat­ivo, mas a vitória de Moedas em Lisboa adocica a derrota nacional do PSD, que ficou claramente em segundo nas eleições - em número de votos, de freguesias, de câmaras e também no número de municípios mais populosos. A doçura da derrota foi mesmo suficiente para os adversário­s internos de Rui Rio esconderem as facas que tinham nas mãos e adiarem por algum tempo o assalto à sede do PSD.

Nesta eleições, podemos observar um outro fenómeno que é impossível ter passado despercebi­do, apesar de ninguém falar nele. As coligações de direita favorecera­m os partidos que as fizeram e deram ao PSD e ao CDS várias vitórias, designadam­ente em Lisboa. Já as coligações de esquerda não trouxeram nada ao PS a não ser menos votos e piores resultados.

A VITÓRIA DE MOEDAS EM LISBOA ADOCICA A DERROTA NACIONAL DO PSD

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