Vitória amarga, derrota doce
OPartido Socialista partiu para as eleições autárquicas de domingo passado com um número de câmaras de tal maneira elevado, 161, que dificilmente teria algo mais a ganhar. O mais natural seria perder algumas câmaras e ganhar outras e, no fim da noite, ficar com menos umas tantas do que tinha na véspera. Assim aconteceu e o PS manteve-se como o partido mais votado, com o maior número de câmaras e de freguesias, reforçando a sua posição nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. O PS pode cantar vitória, mas a perda de Lisboa deu-lhe um sabor amargo.
No PSD, as coisas passaram-se ao contrário. A desvantagem no número de câmaras, freguesias e votos face ao PS era de tal forma significativo, que Rui Rio depois de inicialmente ter desvalorizado tanto quanto pôde as eleições autárquicas, se deu ao luxo de subir ligeiramente as suas fasquias e exigir a si próprio a recuperação de um número significativo de câmaras para admitir continuar à frente dos destinos do PSD. A dúzia de presidências de câmara a mais não pode ser considerado um número significativo, mas a vitória de Moedas em Lisboa adocica a derrota nacional do PSD, que ficou claramente em segundo nas eleições - em número de votos, de freguesias, de câmaras e também no número de municípios mais populosos. A doçura da derrota foi mesmo suficiente para os adversários internos de Rui Rio esconderem as facas que tinham nas mãos e adiarem por algum tempo o assalto à sede do PSD.
Nesta eleições, podemos observar um outro fenómeno que é impossível ter passado despercebido, apesar de ninguém falar nele. As coligações de direita favoreceram os partidos que as fizeram e deram ao PSD e ao CDS várias vitórias, designadamente em Lisboa. Já as coligações de esquerda não trouxeram nada ao PS a não ser menos votos e piores resultados.
A VITÓRIA DE MOEDAS EM LISBOA ADOCICA A DERROTA NACIONAL DO PSD