Ministro a ver comboios
Oministro das Infraestruturas começou a semana de forma intensa. Pedro Nuno Santos multiplicou elogios a Fernando Medina, o derrotado candidato à reeleição em Lisboa e, até ao descalabro eleitoral, sua potencial sombra no ainda incipiente processo de sucessão socialista. Diz Nuno que Medina “é um dos melhores quadros políticos do País” e que “era o que faltava” que o seu futuro político estivesse comprometido “por causa do resultado a Lisboa”. No dia do elogio de circunstância a Medina, o ministro recebeu uma má notícia. O presidente da CP, demitiu-se de surpresa, quatro meses antes do fim do mandato à frente da empresa que tem sido o porta-estandarte de Nuno Santos. Em maré de elogios, o ministro considerou o gestor demissionário como o “melhor presidente que a CP teve”, mesmo não tendo abatido a dívida histórica de 2,1 mil milhões. E sem que a propalada renovação do material circulante seja percetível para os passageiros, que continuam sem ver a ligação mais importante da rede (Lisboa/Porto) reduzir a duração terceiro-mundista de três horas para cumprir 300 quilómetros no comboio mais rápido da CP. As razões da saída de Nuno Freitas serão explicadas com a asfixia financeira a que o Governo de Pedro Nuno Santos estará a expor a empresa o que, se dependesse da tutela da ferroviária, “estaria resolvido” segundo afirmou o próprio. Ora, como resolver esta crónica falta de dinheiro depende das Finanças, as palavras de Pedro Nuno Santos foram vistas como uma crítica direta a João Leão, seu colega no executivo. Sem gestor-maravilha, nem dinheiro, Pedro Nuno Santos pode muito bem ter de mudar temporariamente a agulha das suas prioridades se não quer descarrilar nas aspirações que tem dentro do aparelho socialista e que talvez possa ter resposta na remodelação que Costa terá que fazer. Mas nesse comboio, Nuno Santos não é o único passageiro.
SEM GESTOR-MARAVILHA NEM DINHEIRO PEDRO NUNO SANTOS PODE SER OBRIGADO A MUDAR A AGULHA