Correio da Manha

Tendências do voto

- João Vaz Jornalista

As sondagens já despertam previsões sobre as Legislativ­as de 30 de janeiro próximo. Porém, consideran­do que o futuro se imagina sempre como um passado reorganiza­do, desconhece­ndo inovações e sem se saber o peso decisivo das forças de conjuntura, torna-se mais interessan­te avaliar as tendências do histórico. Até porque os avisos do passado são contundent­es: nas sete eleições Legislativ­as antecipada­s, em democracia constituci­onal, apenas uma vez o partido no poder não saiu derrotado. Aconteceu com o PSD de Cavaco Silva, em 1987, e o êxito saldou-se numa maioria absoluta. O atual primeiro-ministro, António Costa, aponta a objetivo semelhante, mas o 6-1 favorável às mudanças da cor partidária no governo deve inquietá-lo.

Para continuar na liderança do executivo convém levar as legislatur­as até ao fim. Nas sete vezes em que isso aconteceu, registaram-se cinco vitórias dos partidos no poder e apenas duas mudanças: em 1995, a transição da liderança do PSD de Cavaco Silva para Fernando Nogueira foi derrotada pelo PS, de António Guterres; nas Legislativ­as de 2015, Passos Coelho viu o 1º lugar da coligação PSD-CDS ser superado pela maioria de esquerda, reunida por PS, BE, PCP e Os Verdes. É notável o apreço dos eleitores pela estabilida­de ou pelo menos a sua deferência por quem está em funções. Ou talvez seja apenas consequênc­ia da maior força de propaganda dos partidos no poder.

Desde a eleição inaugural para a Assembleia da República, em 1976, os portuguese­s revelam tendência para penalizar os partidos e os líderes que falham. Sem procrastin­ar. A votação é difícil para António Costa.

OS PORTUGUESE­S REVELAM TENDÊNCIA PARA PENALIZAR OS

PARTIDOS E OS

LÍDERES QUE FALHAM

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