SALGADO E AS MÃOS NO PODER QUE ARRUINARAM O BANCO
SUSPEITAS A queda ddBSdo BES e os crimes sem castigo que envolveram o ‘dono disto tudo’ JUSTIÇA As ligações do Espírito Santo a vários processos internacionais. Os ‘tentáculos’, do Brasil a Angola
ACUMULOU PREJUÍZOS E PROVOCOU FALÊNCIA APÓS GESTÃO AUTOCRÁTICA
Duran temais de vinte anos, o centro do poder económico no nosso país foi o gabinete de Ricardo Salgado, na sede do BES. O ex-homem-forte do banco chegou a ser apelidado de ‘dono disto tudo’, usufruindo de proteção política máxima. “Foi apadrinhado por Soares e Cavaco, protegido de Durão Barroso e de Sócrates. Até hoje, é íntimo do Presidente Marcelo. Salgado nunca teve poder político nas mãos, mas teve sempre as mãos no poder”, diz com ironia Paulo Morais, fundador da Associação para a Integridade e Transparência, lembrando que até 2014 Ricardo Salgado teve sempre rédea solta. “Este personagem está associado aos maiores casos de corrupção. Esteve envolvido, através da Escom, na fraude que foi a aquisição de submarinos aos alemães. Foi financiador ou detentor da maioria das ruinosas parcerias público-privadas rodoviárias, beneficiando de rentabilidades milionárias. Com a cumplicidade de Granadeiro e Bava, descapitalizou a Portugal Telecom. Aquando da privatização da EDP, o Grupo BES assessorou os chineses na aquisição, com a conivência do ministro Relvas e do deputado Frasquilho.”
Paulo Morais diz ainda que os ‘tentáculos’ da rede de Salgado estendiam-se a nível internacional: foi o BES o principal banco do escândalo ‘Mensalão’, esquema de subornos a políticos brasileiros; foi também o BES que intermediou a venda do petróleo de Angola ao Estado chinês.
Apesar da sucessão de casos, Salgado nunca foi verdadeiramente incomodado pela Justiça. “E quando se esqueceu de declarar 8,5 milhões no IRS, o Fisco fingiu que não viu”, continua Paulo Morais, lembrando que os maiores prejudicados do que diz ser uma total libertinagem foram os contribuintes.
“Com todos estes esquemas, Salgado conseguiu acumular prejuízos. Levou à falência o Grupo Espírito Santo, que geria de forma autocrática. Os prejuízos causados por Salgado e parceiros serão na ordem dos 12 mil milhões de euros.”