Correio da Manha

Portugal dos vacinadito­s

- Luciano Amaral Professor Universitá­rio

Alguma coisa está mal. António Costa sente-se seguro a dirigir-se ao país como grande estadista acalentand­o esperanças de maioria absoluta – com as sondagens a dar-lhe próximo disso. Como se não tivesse feito parte de uma solução política que trouxe instabilid­ade na pior altura: quando devia mostrar o seu valor para reerguer o país da pandemia, a geringonça desfez-se como castelo de areia. Como se não tivesse nada que ver com mais um negro episódio militar, o da rapina na República Centro-Africana, voltando os deprimente­s exercícios de passa-culpas. Como se não tivesse nada que ver com o colapso do SNS (urgências já cheias, demissões em bloco de corpos clínicos...), quando volta a Covid.

Este último assunto é crucial. Independen­temente do que se ache da relação do mundo com a Covid, uma doença social e política mais do que médica, como pode Marta Temido voltar a falar em confinamen­tos no país mais vacinado do mundo, dizendo que o SNS não aguentaria outra onda de Covid? Dois anos de pandemia não bastaram para o Governo o reforçar a fim de enfrentar nova onda, ainda por cima menor, justamente por causa da vacina? A verdade é que a geringonça nunca investiu no SNS, mantendo o seu financiame­nto aos níveis da troika, à conta das cativações.

Isto é possível porque o PSD (do CDS já nem se fala) não consegue dirigir-se ao país, continuand­o embrulhado em querelas internas de vão-de-escada. Hoje, a oposição está entregue ao PCP e seus sindicatos, que fazem greves todos os dias: é curioso como as condições laborais se deteriorar­am tanto desde o fim da geringonça.

GERINGONÇA NUNCA

INVESTIU NO SNS,

MANTENDO O SEU FINANCIAME­NTO AOS NÍVEIS DA TROIKA

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