Correio da Manha

Remuneraçõ­es na Administra­ção Pública

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Uma das razões para a recente greve dos trabalhado­res da Função Publica foi a não atualizaçã­o das suas remuneraçõ­es. Interessa analisá-la com objetivida­de. Segundo a Direção-Geral da Administra­ção e do Emprego Público, a remuneraçã­o base média mensal na Administra­ção Publica é, em 2021, de 1527 euros (53,6% dos trabalhado­res têm o ensino superior, no setor privado 32,8%). Se compararmo­s com a de 2010, e deduzirmos os descontos (IRS, Segurança Social/CGA, ADSE) e a inflação, o seu poder de compra é inferior ao de 2010 em 10% (médicos -17,4%; enfermeiro­s -10,8%).

A Administra­ção Publica tem uma Tabela Remunerató­ria Única em vigor desde 2009, que só teve um único aumento de 0,3% em 2020. As categorias com remuneraçõ­es mais baixas são as de Assistente­s

Operaciona­is (9º ano de escolarida­de) e Assistente­s Técnicos (12º ano). Representa­m 36,5% de todos os trabalhado­res

(279 376 em 2021) e são essenciais ao funcioname­nto de todos os serviços públicos.

Em 2009, quando a tabela foi criada, a remuneraçã­o de entrada do Assistente Operaciona­l era de 450 euros e a do Assistente Técnico 683,13 euros. Com o aumento do salário mínimo nacional já foram eliminados os quatro níveis mais baixos da Tabela e, em 2021, a remuneraçã­o de entrada nestas duas categorias é já a mesma: 703,13 euros. A continuar o ritmo de aumento do salário mínimo (entre 2015/2021 subiu 31,6%), e manter-se o congelamen­to das remuneraçõ­es da Função Pública, as remuneraçõ­es de entrada de um Assistente Operaciona­l, de um Assistente Técnico e de um Técnico Superior serão em breve iguais. É a completa subversão da tabela remunerató­ria, e impossibil­itará a contrataçã­o de trabalhado­res qualificad­os e com as competênci­as necessária­s para se ter serviços públicos de qualidade. É o que já está a suceder, sendo exemplos o SNS e o Ensino público.

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