SABORES DO MAR MAIS CA
Pescadores podem vir a reduzir as saídas para o mar, o que levaria a uma redução da oferta e ao aumento de preços Maiores subidas deverão verificar-se no pescado mais nobre, como é o caso do tamboril, cherne, polvo e marisco
Opreço do pescado aumentou durante a pandemia e poderá vir a subir, ainda mais, devido à escalada dos preços dos combustíveis, que está a afetar todas as atividades. As maiores subidas deverão verificar-se no pescado que é considerado mais nobre, nomeadamente o tamboril, o cherne, o polvo ou as várias espécies de marisco.
Segundo o CM conseguiu apurar, os pescadores podem vir a ser obrigados a reduzir o número de saídas para o mar, o que “levará a uma redução da oferta e pode fazer aumentar os preços em lota”, admitiu ao CM Miguel Cardoso, da organização Olhãopesca, que reúne cerca de 170 armadores de pesca. Perante este cenário, os comerciantes de peixe vão “vender ainda mais caro nas bancas para os consumidores”. No entanto, esse aumento de preço não se irá traduzir numa subida do lucro para os pescadores. “Os preços podem aumentar, mas nós, os pescadores, vamos sempre ganhar o mesmo”, lamentou ao CM Mário Galhardo, armador de pesca no Algarve.
Para mitigar o constante aumento dos preços dos combustíveis, o Ministério do Mar reduziu em 80% a chamada taxa de vendagem em lota, para compensar os produtores. A medida entrou ontem em vigor, mas no entender dos pescadores, “é apenas um balão de oxigénio, mas não é a cura para o problema”, até porque muitas das embarcações da arte do cerco vão parar nos próximos meses para recuperação das espécies, como é o caso da sardinha. “É publicidade enganosa”, considera Mário Galhardo.
Os pescadores temem que com o aumento gradual do preço do pescado, os consumidores “deixem de ter capacidade para o comprar, porque os rendimentos deverão ser iguais ou até mais reduzidos”, alerta Miguel Cardoso.