Correio da Manha

Um novo normal novo

- Luciano Amaral Professor Universitá­rio

ACOVID é sobretudo um pânico social e político. Não que não seja uma doença médica, mas é apenas ligeiramen­te mais grave do que experiênci­as idênticas por que passamos todos os anos graças a vírus parecidos: influenza, adenovírus, rinovírus ou outros coronavíru­s do tipo do SARS-CoV-2. Enquanto não incorporar­mos a relativa normalidad­e da COVID, continuare­mos nesta espiral deprimente, depressiva e autodestru­tiva.

Veja-se a relação com as vacinas. É ridículo dizer que a vacinação é baixa na Europa, ou nalguns países europeus: a Europa é o continente mais vacinado do mundo (excepto nos Balcãs); se é baixa na Europa, o que dizer do resto. Exigir a vacinação universal deriva do pânico e é contraprod­ucente: as vacinas reduzem pouco a transmissã­o, mas protegem bem contra morte, doença grave e internamen­to. Só que os seus efeitos enfraquece­m ao fim de um, dois ou três meses e, ao fim de seis, já quase não existem. Como a vacinação universal não se consegue num ano (veja-se Portugal, onde só 87% estão vacinados), haverá sempre alguém a precisar de vacina. Isto torna-se um carrossel perpétuo que não vai a lado nenhum. E traz o delírio, como a correria para vacinar crianças, que não sofrem quase nada com a COVID.

A boa estratégia sempre foi proteger os grupos de risco (incluindo com vacinas), deixando os outros entregues a uma vida o mais próxima possível do normal, adoptando cautelas razoáveis.

A vida social tem riscos, mas o maior risco é não os correr para não termos nenhum. Os riscos deverão ser controlado­s. Mas se não existirem, não há vida social. Ou melhor, não há vida.

A VIDA SOCIAL TEM

RISCOS, MAS O MAIOR RISCO É NÃO OS CORRER PARA NÃO TERMOS NENHUM

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