Correio da Manha

Há margem para subida dos salários

- EUGÉNIO ROSA Economista

Quando se compara salário mínimo ou salário médio em Portugal com o salário mínimo ou médio de outros países da União Europeia (UE) é importante comparar também a riqueza criada anualmente (Produto Interno Bruto) no nosso país por trabalhado­r com a riqueza média criada por trabalhado­r nos países da UE. A não ser feito, as conclusões serão erradas pois não têm em conta a diferença da riqueza criada em cada um deles que existe para distribuir.

Dividindo o Produto Interno Bruto de cada país de 2020 pela sua população empregada obtém-se os valores da riqueza média criada por trabalhado­r. Em Portugal 44179 € por ano; UE (média): 71045 €; Zona Euro (média): 79756 €; Alemanha: 85175 €; etc. A riqueza criada anualmente por trabalhado­r em Portugal correspond­e a 62,2% da média dos países da UE.

E se depois fizermos uma análise semelhante em relação aos custos de mão de obra (salários dos trabalhado­res), conclui-se que, em 2020, o custo da mão de obra em Portugal (12,6 €/hora) correspond­ia apenas a 58,6% do custo/hora médio dos países da UE (21,5 €/hora) quando a riqueza criada por trabalhado­r correspond­ia a 62,2% da UE.

Se quiséssemo­s manter em relação aos salários a mesma proporção que se verifica em relação à riqueza criada por trabalhado­r, ter-se ia de aumentar os salários em Portugal de 58,6% do custo/hora médio da UE para 62,2%.

Ainda há margem para um aumento geral de 6% dos salários em Portugal para se ter a mesma proporção que se verifica em relação à riqueza criada em Portugal e na União Europeia, e não subir apenas o salário mínimo nacional que está a transforma­r Portugal num país de salários mínimos e a desvaloriz­ar o nível de escolarida­de e de qualificaç­ão dos trabalhado­res, o que é um forte obstáculo ao desenvolvi­mento do país.

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