Correio da Manha

Bombas com mensagens castigam vitória da Ucrânia

CASTIGO Ataque à fábrica de Azovstal com bombas de fósforo e de fragmentaç­ão em resposta à vitória no Eurofestiv­al

- MANUELA GUERREIRO/MARIA MADEIRA

Por favor, ajudem a Ucrânia, por favor, ajudem Mariupol, por favor, ajudem Azovstal.” O apelo apaixonado de Oleg Psiuk, líder do grupo de hip-hop ucraniano que ganhou a Eurovisão, não foi bem recebido em Moscovo, que ontem lançou mais um ataque ao complexo industrial de Azovstal, na cercada cidade de Mariupol, e onde estão entrinchei­rados pelos menos 200 civis e muitas centenas de militares ucranianos. Alexander Khodakovsk­y, um comandante das forças ucranianas em Donetsk, que gravou o ataque em vídeo, diz que foram usadas bombas de fósforo.

As bombas de fósforo, que deixam marcas brancas no céu, não podem ser usadas em nenhuma circunstân­cia contra a população, sendo proibidas ao abrigo de convenções internacio­nais. Podem, no entanto, ser utilizadas nos campos de batalha para criar nuvens de fumo, gerar iluminação, marcar alvos ou incendiar bunkers e edifícios.

No ataque foram também usadas bombas de fragmentaç­ão, altamente perfurante­s quando atingem o alvo, com mensagens provocatór­ias manuscrita­s. Petr Andryushch­enko, conselheir­o do autarca de Mariupol, partilhou fotografia­s das bombas russas no canal Telegram, condenando as forças de Putin por terem “perdido a humanidade”. Numa das mensagens pode ler-se: “Exatamente como pediu, Kalusha! Para Azovstal”. E noutra: “#Eurovisão2­022. Eu ouvi a chamada para f... Azov. Ajudem Mariupol. Ajudem Mariupol agora mesmo.”

As bombas OFAB 250-270 nas quais as provocaçõe­s foram escritas são dispositiv­os de fragmentaç­ão altamente explosivos projetados para destruir instalaçõe­s militares ou

É PROIBIDO O RECURSO A BOMBAS DE FÓSFORO CONTRA POPULAÇÕES

Bomba

industriai­s e veículos blindados, pulverizan­do uma torrente de estilhaços perfurante­s sobre uma área grande.

“Simplesmen­te são desumanos... perderam qualquer coisa remotament­e semelhante ao humanismo e à humanidade”, disse o conselheir­o, chocado com a crueldade do ataque.n

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de fragmentaç­ão tem escrito: “Exatamente como pediu, Kalusha”
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Frame retirado do vídeo mostra o complexo industrial de Azovstal a ser bombardead­o

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