Correio da Manha

Deficiente mental revela abusos sexuais de padre

- TÂNIA LARANJO

António Júlio, padre em Numão, no concelho de Vila Nova de Foz Coa, é acusado dos crimes de tráfico de pessoas e abuso sexual de pessoa incapaz de resistênci­a. Está preso na cadeia anexa à Polícia Judiciária do Porto e vai ser esta manhã ouvido no Tribunal de Matosinhos.

Ao longo de todo o dia de ontem, foi ouvida a vítima dos crimes. Um homem, hoje com 44 anos, que há pelo menos sete é escravizad­o e sujeito a sevícias sexuais. Contou o que viveu nos

POLÍCIA JUDICIÁRIA r Deteve sacerdote da aldeia de Numão. É acusado dos crimes de tráfico de pessoas e abuso sexual de pessoa incapaz de resistênci­a

Era escravizad­a e sujeita a sevícias sexuais. Vivia em espaços exíguos, sem o mínimo de condições de habitabili­dade últimos anos, garantiu que se não fizesse sexo com o padre não era alimentado nem tinha direito a cuidados de higiene. Era também obrigado a trabalhar e não recebia. Dedicava-se

TÉCNICA TEVE CONHECIMEN­TO DO CASO E APRESENTOU QUEIXA

a trabalhos domésticos e agrícolas. Vivia em espaços exíguos e sem as mínimas condições de salubridad­e.

A vítima, que sofre de problemas mentais, estava sob a responsabi­lidade do padre desde 2017. Por decisão judicial, o pároco tinha sido nomeado tutor da vítima que vivia na casa paroquial.

O homem diz que andava com o padre de um lado para o outro. Não só em Foz Coa como, por exemplo, na Maia, onde aliás chegou a primeira denúncia de abusos sexuais. A queixa foi apresentad­a por uma técnica de uma equipa especializ­ada em combate ao tráfico de seres humanos que teve conhecimen­to através de um familiar da vítima.

Ontem, quando foi levado para a Polícia Judiciária, o padre não prestou declaraçõe­s. Pediu apenas para falar com o bispo para dar conta de que tinha sido detido, mantendo sempre uma relação cordata com os inspetores.

A vítima vai ser ouvida para memória futura nos próximos dias e será também sujeita a exames médicos para confirmar os abusos. Embora revele algum défice cognitivo, conseguiu relatar o que vivenciou com o pároco e o testemunho foi considerad­o credível pelo magistrado do Ministério Público. Na comunidade, a detenção foi recebida com surpresa e os paroquiano­s recusavam acreditar nas acusações.n

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Fachada 1 Igreja matriz da aldeia de Numão, em Vila Nova de Foz Coa 2 Padre António Júlio 3 da Casa Paroquial da Aldeia de Numão 2
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Casa Paroquial de Horta do Douro
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