Detidos por 20 milhões em contratos familiares
CRIME r Presidente, vice e chefe de divisão em esquema de favorecimento com centenas de ajustes diretos e concursos viciados COAÇÃO r Arguidos há dois anos, insistem no crime e arriscam prisão
Orlando Alves, presidente do município de Montalegre, e o seu ‘vice’, David Teixeira, já eram arguidos desde 2020, mas insistiram na contratação de empresas de familiares - irmão, cunhada e sobrinhos do líder da autarquia. Os favorecimentos remontam a 2014. O Tribunal de Contas apontara já “desconformidades” e entregara as suspeitas ao Ministério Público. Durante os nove anos de mandato, centenas de contratos por ajuste direto e concursos feitos à medida de empresas de familiares atingem 20 milhões de euros. Os indícios fortíssimos levaram à detenção dos dois autarcas socialistas e do chefe da Divisão de Ordenamento do Território, Urbanismo e Obras Municipais pela PJ. O perigo de continuação da atividade criminosa poderá deixar os detidos em prisão preventiva. Serão hoje presentes a juiz. Em causa estão obras públicas, que representam uma parte assinalável das suspeitas, prestações de serviços e cedências de equipamentos. Tudo de forma grave e reiterada. Os contratos eram assinados pelo ‘número dois’ da autarquia para não haver intervenção clara do presidente. Entre os favorecidos, já indicados em 2020, empresas ligadas ao irmão de Orlando Alves, como a
Paula Cunha, Fábio e Ana, Lda. ou a Gafaestruturas Engenharia Lda. Ambas foram contratadas pelo município de Montalegre também nos últimos dois anos.
Além das detenções, a Operação Alquimia incluiu dezenas de buscas em casas, na autarquia e em várias empresas beneficiadas, em Montalegre, Braga, Famalicão e Vila do Conde. Envolveu magistrados judiciais e do Ministério Público, investigadores, e peritos financeiros e informáticos. Os mandados cumpridos foram emitidos pelo juiz Pedro Miguel Vieira, que enviou o processo Apito Dourado para julgamento, em 2007.
A Câmara de Montalegre refere que os autarcas estão “disponíveis” para esclarecimentos “no tempo e lugar próprios”.
MANDADOS EMITIDOS POR JUIZ QUE ENVIOU APITO DOURADO A JULGAMENTO