Correio da Manha

Disparam castigos a procurador­es

Um procurador foi aposentado compulsiva­mente e outro foi suspenso. No total, 19 magistrado­s foram castigados em 2021 PGR r Visitas pouco regulares às comarcas e distanciam­ento marcam os quatro anos de mandato de Lucília Gago

- DÉBORA CARVALHO

Dezanove magistrado­s do Ministério Público (MP) foram alvo de pena disciplina­r no ano passado. Um procurador foi aposentado compulsiva­mente - a segunda pena mais grave - e outro foi suspenso, enquanto aos restantes foram aplicadas penas de transferên­cia, multa e advertênci­a. A análise dos dados dos últimos anos revela que os castigos dispararam. O número mais do que duplicou face a 2020, ano em que foram aplicadas sete penas disciplina­res.

No ano passado, o Conselho Superior do MP decidiu 25 processos disciplina­res contra procurador­es. Trata-se de um número recorde de procedimen­tos face a 2020 e 2019, onde se registaram 12 inquéritos. Relativame­nte às avaliações, três procurador­es foram classifica­dos, no ano passado, com ‘medíocre’. Das 116 classifica­ções, registaram-se seis notas de ‘suficiente’. Trinta procurador­es receberam ‘bom’, enquanto os restantes foram distinguid­os com ‘bom com distinção’ (59) e ‘muito bom’ (18). Os dados são de um relatório do MP.

A procurador­a-geral da República, Lucília Gago, completou há dias quatro anos de mandato. Numa análise ao trabalho realizado, o Sindicato dos Magistrado­s do Ministério Público considera que Lucília Gago é uma procurador­a mais distante dos seus pares e defende que devia fazer visitas mais regulares às comarcas.

Há ainda as investigaç­ões que se arrastam há anos, como o processo ‘Monte Branco’. O inquérito,

DADOS r aberto em 2011, continua sem acusação ou arquivamen­to. Os processos contra políticos também estarão parados, já que não há diligência­s de relevo conhecidas. O MP investiga suspeitas de corrupção e tráfico de influência­s de altos dirigentes do PS e do PSD. Há mais de 500 escutas telefónica­s com relevância criminal no processo ‘Tutti Frutti’, inquérito onde foram apensados outros nove, todos por alegados crimes na Câmara de Lisboa, em que figuram suspeitos como o antigo vereador Manuel Salgado. O megaproces­so poderá arrastar-se durante anos na Justiça.n

NÚMERO MAIS DO QUE DUPLICOU FACE A 2020, COM SETE PENAS

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Procurador­ia-Geral da República é o órgão superior do Ministério Público. É dotada de autonomia administra­tiva e financeira
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Lucília Gago é a representa­nte máxima do Ministério Público

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