Valor de bónus surpreende pilotos
Considera que valor é muito elevado para uma empresa pública ª IL Quer escrutínio de todos os “cêntimos dos contribuintes” na TAP
u O presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil já sabia que o contrato da presidente da TAP incluía um bónus o que o surpreendeu mesmo foi o valor: cerca de dois milhões de euros se forem cumpridos os objetivos do plano de reestruturação. “É preciso escrutinar bastante, com bastante cuidado e bastante acutilância, todos os cêntimos dos contribuintes portugueses que foram colocados na TAP”, reagiu ontem, por sua vez, Rodrigo Saraiva da Iniciativa Liberal (IL). “Ficámos muito estupefactos, é um valor muito elevado para uma empresa pública”, sublinha ao CM Tiago faria Lopes, dirigente do SPAC, recordando por outro lado que afinal Christine Ourmières-Widener, com um salário de 504 mil euros, “não ganha menos do que o seu antecessor”.
Quanto ao cumprimento dos objetivos do plano de reestruturação, não será fácil escrutinar se a gestora terá ou não direito ao bónus. É que, segundo Tiago Faria Lopes, “ninguém conhece o plano, o que é público é a resposta da Comissão Europeia”.
Por outro lado, os resultados positivos terão sido alcançados com os cortes salariais aos trabalhadores e não, por exemplo, com a redução de despesas com fornecedores. “Não há nada de brilhante nisso”, sublinha Tiago Faria Lopes.
Num contexto em que os trabalhadores tiveram cortes salariais, um gestor que só consegue resultados através da redução dos salários a quem sustenta a empresa “não merece” bónus, acrescenta o sindicalista.
Atenta à empresa promete estar a IL que considera necessário “escrutinar bastante”, considerando pertinente “a comissão de inquérito que irá ser aprovada na Assembleia da República”
“Há um problema de amnésia coletivo, não só no Governo, mas nas pessoas em torno da gestão da TAP. Neste caso é uma amnésia bastante conveniente porque teria sido questionada e não se lembraria de um valor que não é uma coisa de somenos”, afirma Rodrigo Saraiva.
Entretanto, a companhia aérea britânica Flybe, que a atual presidente do Conselho de Administração da TAP liderou entre janeiro de 2017 e julho de 2019, está insolvente, segundo um tribunal.
A companhia regional, que já chegou a ser uma das maiores europeias, foi particularmente atingida durante a pandemia. A retoma não foi, no entanto, suficiente para alavancar a empresa.