É para isto, dr. Costa?
António Costa é já o recordista dos primeiros-ministros socialistas, tendo ultrapassado os tempos do inefável Eng. Guterres e do (escolha o leitor o adjetivo) Eng. Sócrates. Esta longevidade de Costa à frente da governação – se aguentar até 2026, ultrapassará os dez anos de Cavaco Silva como primeiro-ministro – suscita-nos uma pergunta, uma única perguntazinha singela e inocente: o que é que o Dr. Costa quer, afinal, para o País? É um mistério, ninguém sabe o que o primeiro-ministro socialista quer para Portugal.
O mais certo é nem ele saber. Tinha alguma esperança de que a entrevista de balanço de um ano de maioria que deu à RTP ajudasse a fazer alguma luz. Não ajudou. António Costa continua a exibir um total vazio de ideias, uma assombrosa ausência de rumo, um lastimável zero programático.
O primeiro-ministro habituou-se a disfarçar a sua incapacidade governativa com uma propalada habilidade política, aliada a um pragmático taticismo. Nota artística, 20 valores. Nota técnica, zero. Tudo uma questão de imagem e de narrativa. Em particular, nesta última entrevista, António Costa esforçou-se por limpar a imagem de arrogância e de novo “dono disto tudo” que lhe está cada vez mais colada.
Apelou aos bons sentimentos cristãos dos portugueses e pediu desculpa, confiante na redenção. Foi convenientemente humilde, reconheceu que o seu Governo tem cometido alguns erros, admitiu algumas culpas. “O Governo pôs-se a jeito”, `tadinho. Sempre com um “mas” à frente, sem nunca se conseguir livrar dessa conjunção que o desresponsabiliza, que o desculpabiliza, que desvaloriza a gravidade dos factos. Mas encaremos: Costa não é apenas um mau selecionador de governantes, é mesmo um primeiro-ministro muito sofrível.
Infelizmente, o estado do País é como o algodão, não engana. Os problemas estruturais
António Costa esforçou-se por limpar a imagem de arrogância e de novo “dono disto tudo”
arrastam-se, sem solução. A saúde nunca esteve tão má, a educação deteriora-se a olhos vistos, o direito à habitação nunca esteve tanto em causa, a burocracia do Estado prejudica diariamente empresas e cidadãos, os recursos e ativos do Estado nunca foram tão mal aproveitados, o equilíbrio das contas públicas é feito à custa de desinvestimento e da mais elevada carga fiscal, a inflação asfixia. E nós perguntamo-nos: é para isto, Dr. Costa?