Sindicatos temem que propostas aumentem falta de professores
As propostas do Ministério da Educação (ME) nesta negociação têm uma vertente de “propaganda” em que parecem bondosas, mas “nas letras finas do contrato” revelam-se perniciosas. Quem o diz é Vítor Godinho, responsável da Fenprof pelos concursos, que teme mesmo uma “debandada de professores”. Em causa está o anúncio do ME de que os professores colocados em quadros de zona pedagógica (QZP), que são cerca de 20 mil, passariam a ter de percorrer menos quilómetros, porque a dimensão das áreas seria muito reduzida, com a passagem de 10 para 63 QZP. Só que, segundo o dirigente sindical, nas tais “letras finas do contrato” constata-se que não é bem assim. “É que a proposta também diz que, se o professor colocado em QZP tiver um horário de menos de 12 horas letivas é considerado horário zero e tem de concorrer a um mínimo de seis QZP, ou seja, a uma área geográfica igual ou maior à que concorre atualmente”, afirma Godinho, lembrando que atualmente só é considerado horário zero com seis ou menos horas letivas. Segundo o dirigente, o objetivo é também pressionar os docentes a “aceitarem o completamento de horário noutra escola do novo QZP para não correr o risco de ter de concorrer a uma área igual ou maior da que concorre atualmente”. Godinho diz que a nova subdivisão de QZP “é falaciosa e serve apenas para justificar a criação dos conselhos locais de diretores para gerir colocações”. A Fenprof teme que esta mudança nos QZP, e também a obrigação de ter horário completo, além dos 1095 dias de serviço para vincular, levem mais docentes a abandonar o ensino. “Estas medidas carecem de maior fundamentação e podem vir a acarretar um agravamento do problema da falta de professores”, afirma. A negociação é retomada hoje em mesa única, prevendo-se que estejam na reunião mais de 50 elementos de ambas as partes.
NEGOCIAÇÃO É HOJE EM MESA ÚNICA COM MAIS DE 50 ELEMENTOS DE GOVERNO E SINDICATOS