Correio da Manha

Sindicatos temem que propostas aumentem falta de professore­s

- Bernardo Esteves

As propostas do Ministério da Educação (ME) nesta negociação têm uma vertente de “propaganda” em que parecem bondosas, mas “nas letras finas do contrato” revelam-se perniciosa­s. Quem o diz é Vítor Godinho, responsáve­l da Fenprof pelos concursos, que teme mesmo uma “debandada de professore­s”. Em causa está o anúncio do ME de que os professore­s colocados em quadros de zona pedagógica (QZP), que são cerca de 20 mil, passariam a ter de percorrer menos quilómetro­s, porque a dimensão das áreas seria muito reduzida, com a passagem de 10 para 63 QZP. Só que, segundo o dirigente sindical, nas tais “letras finas do contrato” constata-se que não é bem assim. “É que a proposta também diz que, se o professor colocado em QZP tiver um horário de menos de 12 horas letivas é considerad­o horário zero e tem de concorrer a um mínimo de seis QZP, ou seja, a uma área geográfica igual ou maior à que concorre atualmente”, afirma Godinho, lembrando que atualmente só é considerad­o horário zero com seis ou menos horas letivas. Segundo o dirigente, o objetivo é também pressionar os docentes a “aceitarem o completame­nto de horário noutra escola do novo QZP para não correr o risco de ter de concorrer a uma área igual ou maior da que concorre atualmente”. Godinho diz que a nova subdivisão de QZP “é falaciosa e serve apenas para justificar a criação dos conselhos locais de diretores para gerir colocações”. A Fenprof teme que esta mudança nos QZP, e também a obrigação de ter horário completo, além dos 1095 dias de serviço para vincular, levem mais docentes a abandonar o ensino. “Estas medidas carecem de maior fundamenta­ção e podem vir a acarretar um agravament­o do problema da falta de professore­s”, afirma. A negociação é retomada hoje em mesa única, prevendo-se que estejam na reunião mais de 50 elementos de ambas as partes.

NEGOCIAÇÃO É HOJE EM MESA ÚNICA COM MAIS DE 50 ELEMENTOS DE GOVERNO E SINDICATOS

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O secretário de Estado António Leite (1.º plano) recebe hoje sindicatos: ministro estará ausente

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