Hospital instaura processos disciplinares a três cirurgiões
Identificado um caso de “má opção cirúrgica” após serem avaliados 22 processos clínicos
u O Hospital Amadora-Sintra aplicou processos disciplinares aos três cirurgiões que participaram numa operação classificada como “má opção cirúrgica”. A investigação foi realizada após a denúncia, por dois médicos, de 22 casos que ocorreram no Serviço de Cirurgia Geral. Na sequência, a Ordem dos Médicos elaborou um relatório pericial em que o caso suspeito “pode configurar má prática”. O CM apurou que no relatório foi questionada a prática médica aplicada a um doente, que acabou por morrer. O paciente deu entrada no hospital para ser operado a uma hérnia. A denúncia dos médicos indicou que o doente acabou “por morrer com peritonite por lesão do intestino, tratada por nova cirurgia que só aconteceu vários dias depois de ser evidente por análises que algo não estava bem”. A existência do inquérito levantou, entretanto, incómodo entre cerca de 20 cirurgiões,
HOMEM MORREU POR PERITONITE, VÁRIOS DIAS APÓS TER SIDO OPERADO A UMA HÉRNIA
que “querem ver a situação totalmente esclarecida”, disse ao CM o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães. Em relação aos restantes casos, o Hospital Amadora-Sintra (Fernando Fonseca) “concluiu que não foram encontrados indícios de má prática generalizada,
ou violação das boas práticas médicas, de acordo com o atual conhecimento científico nos casos denunciados”. No inquérito de averiguações foi analisada outra cirurgia com um desfecho fatal. O doente, com cerca de 60 anos, foi operado ao baço sem indicação para cirurgia programada.
O doente morreu por hemorragia, após 15 transfusões de sangue. As conclusões do inquérito foram entregues à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, à Entidade Reguladora da Saúde, ao Ministério Público, ao Ministério da Saúde e à Ordem dos Médicos.