Correio da Manha

O milagre do cinema em Portugal

- Edição de Autor POR MIGUEL AZEVEDO JORNALISTA

Andava o realizador Vicente de Alves do Ó em passeio pelo Porto, em novembro de 2016, quando, ao passar frente ao Museu Soares dos Reis, reparou numa exposição sobre Amadeo de Souza-Cardoso, a propósito do centenário de uma famosa exposição que o artista fez em 1916. Entrou e deixou-se fascinar pelas citações do pintor (retiradas de cartas suas), que pontuavam o espaço.“Foram frases que me espantaram pela audácia, coragem e diferença”, contava-me um dia destes.“Quando saí de lá, fui a correr comprar a fotobiogra­fia e a partir daí nasceu a ideia de fazer um filme. Comprei a biografia, fui atrás de historiado­res e comecei a trabalhar no guião”.‘Amadeo’estreou já entre nós (tem a particular­idade de ser o último filme de Eunice Muñoz e o penúltimo de Rogério Samora) e arrisca-se a ser uma das produções do

“GOSTAVA MUITO DE TER FILMADO EM PARIS MAS NÃO FOI POSSÍVEL”, DIZ VICENTE ALVES DO Ó

ano, até por girar em torno de um herói quase desconheci­do da maioria. Com uma equipa grande, entre os quais 26 atores,‘Amadeo’ teve, no entanto, que ser feito com muito pouco, um escasso orçamento de um milhão de euros.“Gostava muito de ter ido filmar a Paris, por exemplo, mas não foi possível. Tivemos de o fazer com efeitos digitais”. O filme vai a uma minúcia tal que o sitio onde foi feita a famosa exposição de 1916, o grande Salão de Festas do Jardim Passos Manuel (onde hoje é o Coliseu do Porto), foi todo reproduzid­o em décor e todos os 114 quadros foram pormenoriz­adamente reproduzid­os, pintados e emoldurado­s.“Para aquilo que é um filme português, isto é um passou em frente” . O mesmo é dizer que o cinema português voltou a fazer mais um milagre...

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