Correio da Manha

Mulher de opositor ajuda a condenar ex-assessor de Costa

CASO Procurador­a não pediu escusa. Ex-autarca foi condenado a uma pena de 2 anos e 9 meses sem poder exercer cargos públicos

- Débora Carvalho

u A procurador­a do julgamento do ex-autarca do Cartaxo e ex-assessor de António Costa, Pedro Magalhães Ribeiro, é mulher do opositor político do arguido. “Causou-me estranheza entrar na sala de julgamento e ver que a senhora procurador­a era a esposa do candidato do PSD à câmara, em 2017, Jorge Gaspar”, afirmou ao CM Pedro Magalhães Ribeiro. A magistrada, segundo apurou o CM,

não pediu escusa. O arguido também não avançou com um pedido de recusa daquela magistrada. “Deixámos o processo correr em tribunal.”

Várias fontes contactada­s pelo CM consideram que a procurador­a deveria ter pedido para ser dispensada. “Como se trata de um caso político, a envolver o marido da procurador­a, talvez tivesse sido mais avisado a magistrada ter pedido escusa para não compromete­r a sua imagem de imparciali­dade”, disse ao CM uma

fonte judicial.

Pedro Magalhães Ribeiro foi condenado a uma multa de 3600 euros e a uma pena acessória de 2 anos e 9 meses sem poder exercer cargos públicos. Em causa está a violação dos deveres de neutralida­de e imparciali­dade.

Pedro Magalhães Ribeiro foi autarca do Cartaxo entre 2013 e 2021. Diz que o julgamento incidiu num comunicado à imprensa (“um texto de nove parágrafos”) sobre o resultado de uma reunião realizada, em agosto de 2021, com a então ministra da Saúde, Marta Temido. “Segundo a interpreta­ção da senhora juíza, há duas ou três expressões que podem ser entendidas como campanha eleitoral.” No seu entendimen­to, o comunicado que originou o processo, redigido pelos serviços de comunicaçã­o da autarquia, foi “feito de boa-fé”, não tendo tido qualquer alerta de que “podia incorrer em qualquer incumprime­nto legal”. Depois de ter sido condenado, no passado dia 10, o então assessor do gabinete de António Costa pediu a demissão. Em tribunal, a procurador­a tinha pedido que fosse condenado a uma pena acessória mais elevada: três anos sem poder exercer cargos políticos.

Pedro Magalhães Ribeiro perdeu a câmara para o PSD nas últimas eleições autárquica­s, tendo optado por não continuar na autarquia como vereador. Foi depois nomeado, em novembro de 2021, assessor do gabinete do primeiro-ministro. Ao CM, o ex-assessor de Costa disse que vai recorrer da decisão.

 ?? ?? Pedro Magalhães Ribeiro foi autarca de Cartaxo durante oito anos
Pedro Magalhães Ribeiro foi autarca de Cartaxo durante oito anos

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal