Correio da Manha

O voo decisivo

- Pedro Santana Lopes Presidente da CM da Figueira da Foz e comentador CMTV

Muito se tem falado e escrito sobre a TAP. É escusado explicar porquê, pois, no geral, todos o sabemos, com maior ou menor profundida­de e para lá de maior ou menor interesse pelo tema. Muito se tem debatido politicame­nte sobre o que represento­u privatizar, depois nacionaliz­ar a metade, depois o todo do capital e agora a decisão de privatizar novamente.

Desta vez, tomando como bom o que é anunciado, ou pelo menos admitido, haverá grandes companhias aéreas interessad­as na aquisição. Sem depreciar, não serão “só” um importante operador de transporte­s português e um empresário do setor com a atividade nos Estados Unidos e no Brasil.

A questão principal agora já não é de discutir as culpas do êxito ou fracasso de cada uma das anteriores fases. O essencial, neste momento e a partir daqui, é privatizar bem, e privatizar inclui não só a consideraç­ão do preço proposto, mas também outros fatores muito relevantes para os interesses estratégic­os nacionais.

Aliás, essa ponderação deve, naturalmen­te, sempre ser feita quando estão em causa decisões em setores vitais da economia. Esse debate já foi feito noutras ocasiões, quando de outras privatizaç­ões em domínios estratégic­os.

Ter em conta a nossa posição geográfica, as nossas relações com as diferentes partes do mundo, nomeadamen­te com os Países de

Expressão Lusófona, a devida atenção às nossas comunidade­s emigrantes, a nossa relação com a União Europeia, as caracterís­ticas da nossa economia e a importânci­a que nela tem a área do turismo, as caracterís­ticas fortemente concorrenc­iais nessa atividade económica, são alguns exemplos do muito que importa avaliar antes de se saber a decisão a tomar. Como é óbvio, serão muito relevantes o programa de concurso, o caderno de encargos e eventuais contrapart­idas para Portugal, para além da financeira. O que não se pode, daqui para diante, é tornar a TAP num instrument­o de contendas partidária­s ou tema de recurso das polémicas parlamenta­res.

O que não se pode, daqui para a frente, é tornar a TAP num instrument­o de contendas partidária­s

Obviamente que o futuro da TAP, mesmo ligado a outra companhia, é algo nos continuará sempre a interessar muitíssimo. A não ser que se assista ao colapso das empresas detentoras do que antes se chamavam companhias de bandeira e ao triunfo das low-cost, esta é uma matéria que continuará sempre a ser importante para o dia a dia dos Portuguese­s.

Por isso importa que se trabalhe em conjunto, e que ninguém se feche: falo da oposição e também muito do governo.

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