Correio da Manha

GOLPE NA TAP

Ministério Público investiga compra de 53 aviões CASO No centro da investigaç­ão está a suspeita de que a TAP terá comprado as aeronaves por um preço 20% acima do mercado, o que se traduzirá em mais cerca de 320 milhões de euros

- António Sérgio Azenha

u O Ministério Público (MP) abriu um inquérito ao negócio da compra pela TAP de 53 aviões Airbus. No centro desta investigaç­ão está a suspeita de que a companhia aérea terá adquirido as aeronaves por um valor 20% superior ao preço de mercado. Como o investimen­to está estimado em 1,6 mil milhões de euros e será feito através de `leasing', segundo a auditoria do Tribunal de Contas à reprivatiz­ação e recompra da TAP, suspeita-se que a TAP poderá pagar cerca de 320 milhões de euros a mais pelas aeronaves.

A Procurador­ia-Geral da República, em resposta a questões do CM, revelou ontem que foi aberto um processo ao negócio: “A participaç­ão apresentad­a pelo, à data, ministro das Infraestru­turas e Habitação [Pedro Nuno Santos] e pelo ministro das Finanças [Fernando Medina] deu origem

DAVID NEELEMAN JÁ DISSE QUE OS AVIÕES FORAM ADQUIRIDOS AO PREÇO DO MERCADO

a um inquérito no DCIAP [Departamen­to Central de Investigaç­ão e Ação Penal]. Este inquérito encontra-se em investigaç­ão e sujeito a segredo de justiça.”

Pedro Nuno Santos e Fernando Medina enviaram ao MP, em outubro último, a auditoria que a TAP mandara fazer ao negócio já no mandato de Christine Ourmières-Widener, presidente da TAP. Quando foi ouvido no Parlamento sobre a privatizaç­ão da TAP, o ex-ministro afirmou: “A administra­ção [da TAP], a determinad­a altura, suspeitou que nós estaríamos a pagar pelos aviões que estamos a pagar mais do que os concorrent­es pagavam.”

O plano inicial da nova frota, prevê a aquisição de 53 aviões Airbus. Quando assumiu a gestão da TAP com a Atlantic Gateway, David Neeleman trocou os Airbus 350, cuja escolha fora da gestão da TAP quando esta era pública, por Airbus 330. Em outubro último, após a declaração do ex-ministro, o empresário afirmou: “Os novos aviões da TAP foram adquiridos a preço de mercado, como demonstram as várias avaliações independen­tes apresentad­as e confirmada­s pelo rigoroso e exaustivo escrutínio político e técnico.”

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NEELEMAN VENDEU PARTICIPAÇ­ÃO AO ESTADO David Neeleman saiu da TAP, em 2020, após ter vendido ao Estado a sua participaç­ão na companhia aérea por 55 milhões de euros.

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