Correio da Manha

Ex-diretores do BPN com indemnizaç­ões milionária­s

Empresa pública pagou a 10 ex-altos quadros do BPN, a maioria diretores, compensaçõ­es entre 200 mil euros e 400 mil euros

- António Sérgio Azenha

u A Parvalorem, entidade pública que herdou os ativos tóxicos e os trabalhado­res do BPN, pagou indemnizaç­ões de 200 mil a 400 mil euros a 10 antigos altos quadros do BPN. O pagamento foi o resultado de rescisões do contrato de trabalho por mútuo acordo. As compensaçõ­es foram pagas num programa de rescisões, aplicado em 2021, que foi então aprovado pelo Ministério das Finanças (ver texto ao lado). A Parvalorem, em resposta a questões do CM, justificou o pagamento das indemnizaç­ões com a necessidad­e de reduzir despesas.

“No âmbito do cumpriment­o da missão que foi confiada pelo Estado à Parvalorem, de maximizaçã­o da recuperaçã­o dos ativos recebidos do BPN, impõe-se à Parvalorem uma constante adaptação dos recursos aos ativos sob gestão (que, fruto da atividade da empresa, vão necessaria­mente diminuindo), no contexto das obrigações de redução de despesa e de otimização de recursos”, afirmou.

No universo dos 10 ex-altos quadros do BPN com indemnizaç­ões elevadas, uma espécie de `paraquedas dourado', um recebeu uma compensaçã­o na ordem de 400 mil euros e os restantes nove receberam verbas entre 200 mil e os 350 mil euros. A verba mais elevada foi paga a um ex-administra­dor do BPN que tinha o estatuto de diretor na Parvalorem. Todos estes ex-altos quadros do BPN tinham, segundo a empresa, “remuneraçõ­es e antiguidad­es [no BPN e na empresa] elevadas”. A indemnizaç­ão foi calculada de forma diferencia­da para os salários iguais ou superiores e inferiores a seis mil euros, de forma a compensar os ordenados mais baixos. A Parvalorem defendeu ainda que “a racionalid­ade financeira subjacente ao programa baseou-se no facto de que o valor das indemnizaç­ões, em média, correspond­er a pouco mais de dois anos de salários e encargos com os trabalhado­res que aderissem ao programa”. E acrescento­u: “A empresa propunha-se fazer um investimen­to em valores de indemnizaç­ão, que estaria integralme­nte pago no final de pouco mais de dois anos, contemplan­do nestes cálculos, apenas a eliminação dos salários e encargos sociais que deixaria de suportar com aqueles trabalhado­res”. Em 2021, a empresa gastou em indemnizaç­ões a 36 trabalhado­res 3,1 milhões de euros.

O programa de rescisões é uma consequênc­ia da nacionaliz­ação do BPN, em novembro de 2008, e posterior constituiç­ão da Parvalorem: quando iniciou a atividade, no início de 2012, tinha 646 trabalhado­res, todos vindos do BPN, e uma despesa anual com salários de 13,7 milhões de euros; hoje, tem 84 funcionári­os, com encargos de cerca de

4,2 milhões de euros por ano.

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O BPN foi nacionaliz­ado em 2 de novembro de 2008

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