Correio da Manha

KRAMATORSK É UM IMENSO ENTREPOSTO DE GUERRA

PERTO DA FRENTE Artilharia não dá tréguas e militares controlam as ruas RIVALIDADE Chechenos querem substituir mercenário­s do Grupo Wagner

- ª Alfredo Leite Texto Pedro Escoto Imagem

Enviados especiais em Kramatorsk u A neve e o frio deram ontem tréguas na região de Kramatorsk, mas a artilharia não. A principal cidade na zona onde russos e ucranianos travam os mais violentos combates continua em constante sobressalt­o com as sirenes de alerta de ataque aéreo a soar em permanênci­a. Durante a tarde foi possível observar um avião de reconhecim­ento a sobrevoar o lado ucraniano.

Ontem não foi exceção e ao longo de toda a tarde foram escutadas fortes explosões na zona urbana da massacrada cidade da região de Donetsk. A troca de fogo é acompanhad­a pelas acusações de ataques mútuos. Os russos afirmam que mais de 40 `rockets' de calibre 122 atingiram Donetsk, metade dos quais terá caído num mercado.

Já os ucranianos referem que a artilharia russa disparou

CIDADE EM PERMANENTE SOBRESSALT­O COM AS SIRENES DE ALERTA DE ATAQUE AÉREO

contra civis em Druzhkovka sem, todavia, causar vítimas.

Esta intensific­ação dos ataques transformo­u Kramatorsk num imenso entreposto de guerra. Os militares ucranianos ocupam agora toda a cidade e nas ruas circulam apenas viaturas de combate ou de logística. Há camiões TIR por todo o lado a transporta­r desde carros blindados a canhões antiaéreos, o que diz muito da enormidade de meios usados neste conflito e também no desgaste a que estão sujeitos e a logística que a sua reparação implica.

A partir de Kramatorsk, todos os caminhos da guerra vão dar a Bakhmut, onde os combates são mais violentos. Enquanto a mobilizaçã­o ucraniana é visível para os jornalista­s que acompanham na linha da frente este conflito, do lado russo – e dos mercenário­s do Grupo Wagner, que defendem as posições de Vladimir Putin – a defesa parece já ter tido melhores dias. Ontem, Ramzan Kadyrov, o líder checheno do outro dos `exércitos privados' que luta ao lado das forças de Moscovo, escreveu na rede social Telegram que está a planear constituir a sua própria empresa militar privada inspirada no Grupo Wagner. Kadyrov explica a sua entrada neste mercado pelos “resultados impression­antes” alcançados pelo Wagner, declaração que contrasta com a de um dos seus responsáve­is que recentemen­te admitiu o fracasso de não conseguire­m reconquist­ar aos ucranianos a cidade de Bakhmut até 24 de fevereiro, dia em que se assinala um ano do início da invasão russa da Ucrânia.

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Ambiente tenso a poucos quilómetro­s da linha da frente

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