KRAMATORSK É UM IMENSO ENTREPOSTO DE GUERRA
PERTO DA FRENTE Artilharia não dá tréguas e militares controlam as ruas RIVALIDADE Chechenos querem substituir mercenários do Grupo Wagner
Enviados especiais em Kramatorsk u A neve e o frio deram ontem tréguas na região de Kramatorsk, mas a artilharia não. A principal cidade na zona onde russos e ucranianos travam os mais violentos combates continua em constante sobressalto com as sirenes de alerta de ataque aéreo a soar em permanência. Durante a tarde foi possível observar um avião de reconhecimento a sobrevoar o lado ucraniano.
Ontem não foi exceção e ao longo de toda a tarde foram escutadas fortes explosões na zona urbana da massacrada cidade da região de Donetsk. A troca de fogo é acompanhada pelas acusações de ataques mútuos. Os russos afirmam que mais de 40 `rockets' de calibre 122 atingiram Donetsk, metade dos quais terá caído num mercado.
Já os ucranianos referem que a artilharia russa disparou
CIDADE EM PERMANENTE SOBRESSALTO COM AS SIRENES DE ALERTA DE ATAQUE AÉREO
contra civis em Druzhkovka sem, todavia, causar vítimas.
Esta intensificação dos ataques transformou Kramatorsk num imenso entreposto de guerra. Os militares ucranianos ocupam agora toda a cidade e nas ruas circulam apenas viaturas de combate ou de logística. Há camiões TIR por todo o lado a transportar desde carros blindados a canhões antiaéreos, o que diz muito da enormidade de meios usados neste conflito e também no desgaste a que estão sujeitos e a logística que a sua reparação implica.
A partir de Kramatorsk, todos os caminhos da guerra vão dar a Bakhmut, onde os combates são mais violentos. Enquanto a mobilização ucraniana é visível para os jornalistas que acompanham na linha da frente este conflito, do lado russo – e dos mercenários do Grupo Wagner, que defendem as posições de Vladimir Putin – a defesa parece já ter tido melhores dias. Ontem, Ramzan Kadyrov, o líder checheno do outro dos `exércitos privados' que luta ao lado das forças de Moscovo, escreveu na rede social Telegram que está a planear constituir a sua própria empresa militar privada inspirada no Grupo Wagner. Kadyrov explica a sua entrada neste mercado pelos “resultados impressionantes” alcançados pelo Wagner, declaração que contrasta com a de um dos seus responsáveis que recentemente admitiu o fracasso de não conseguirem reconquistar aos ucranianos a cidade de Bakhmut até 24 de fevereiro, dia em que se assinala um ano do início da invasão russa da Ucrânia.